Escaldante
"Só com muita água para aguentar": a rotina de quem trabalha sob o sol em meio à onda de calor no RS
Estado deve registrar um dos dias mais quentes deste verão nesta terça-feira, podendo ultrapassar os 40°C em algumas regiões
A onda de calor que atinge o Rio Grande do Sul não dá trégua e afeta diretamente a vida de todos. No entanto, para quem trabalha nas ruas a situação é ainda mais difícil. A reportagem de Zero Hora acompanhou durante a manhã desta terça-feira (4) a rotina de operários do ramo da pavimentação de ruas em Porto Alegre.
Por volta das 10h, os termômetros marcavam 32ºC, mas no asfalto da Avenida Edgar Pires de Castro, na zona sul de Capital, a sensação era ainda mais alta. Cerca de 10 operários trabalhavam em um trecho da obra de alargamento no local.
O Estado deve registrar um dos dias mais quentes deste verão nesta terça-feira, podendo ultrapassar os 40°C em algumas regiões. A marca ocorre por conta de uma nova onda de calor que assola o Rio Grande do Sul mantendo o calorão predominante ao longo de fevereiro.
Com roupas de manga longa e bonés, os trabalhadores levam o turno de serviço à base de muita água, protetor solar e pausas. O operador de mesa vibroacabadora, Fabiano Souza, 49 anos, trabalha há 28 anos no ramo de pavimentação e para ele, mesmo com o tempo, ainda é difícil:
— É puxado. A gente vai aprendendo os atalhos para não sofrer tanto, mas não se acostuma. Anos atrás, tive insolação por conta da exposição ao sol no horário pós-almoço. Só com muita água para aguentar.
O rastilheiro Davi Estevão, 21 anos, afirma que a equipe busca revezar as tarefas e junções possíveis para agilizar o trabalho.
— Difícil é, mas criamos estratégias. Evitamos ficar perto das máquinas, mas o principal é a água — conta ele.
A hidratação é fundamental em dias de calor extremo. Conforme os operários, eles saem da sede da empresa carregando garrafas térmicas com água, no entanto, não é suficiente para todo o turno. Ao longo do dia, é necessário repor ou contar com a ajuda de moradores.
— A gente precisa que as pessoas tenham mais empatia e possam oferecer uma água gelada. Por vezes, quando pedimos, ignoram ou nos dão água quente — contou Souza.
Para administrar a situação, o encarregado de pavimentação Estevão Leão, 39 anos, afirma que os operários fazem pausas ao longo da jornada. Além disso, a equipe busca locais com sombra para que possa ocorrer o descanso. Equipamentos de proteção individual e protetor solar também são disponibilizados.