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Rastros do coronavírus

Alunos inseguros e com níveis desiguais de aprendizagem seguem realidade cinco anos após o início da pandemia

Alfabetização na idade certa ainda não chegou aos patamares anteriores à covid-19, mas crianças relatam evolução

12/03/2025 - 13h49min


Isabella Sander
Isabella Sander
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Mateus Bruxel/Agencia RBS
Giovana, 11 anos, diz que sentiu falta da ajuda dos professores durante as aula remotas na pandemia.

Antes da pandemia, já era inegável a desigualdade de aprendizagem entre crianças pobres e ricas, brancas e negras e de escolas privadas e públicas. As diferenças se amplificaram desde 2020, com a dificuldade de acesso às aulas no período de isolamento social, e deixaram um legado de alunos inseguros com a sua capacidade de aprender e lacunas de aprendizagem que já não serão recuperadas completamente.

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Entre especialistas, é consenso que será preciso olhar para a geração de estudantes pandêmicos com lupa por um longo período.

Em relatório divulgado em maio do ano passado, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontou que, no final de 2023, 56% dos alunos brasileiros concluíram o 2º ano do Ensino Fundamental alfabetizados — etapa considerada a adequada para essa aprendizagem. O índice superou os 55% registrados em 2019, antes do surgimento da covid-19. Já no Rio Grande do Sul, o percentual de 2023, de 63%, ainda não alcançava o patamar pré-pandemia, de 68%.

Crianças ouvidas por Zero Hora para esta reportagem relatam que passaram por dificuldades nessa época. Com o apoio dos pais e a posterior corrida das redes de ensino para apoiá-las no processo de alfabetização, porém, a sensação é de que o momento desafiador passou.

Perrengues no aprendizado

Mateus Bruxel/Agencia RBS
Raphaela, 11 anos, teve dificuldade para se alfabetizar, mas agora já leu todos os 17 volumes de "Diário de um Banana".

Raphaela Gantes Ferraz e Giovana da Cunha Sartori, 11 anos, frequentam o 6º ano da Escola Municipal São Pedro, no bairro Lomba do Pinheiro, e estavam iniciando o 1º ano quando a pandemia começou. 

Mesmo com a ajuda dos pais, passaram perrengues ao tentar aprender a ler e a escrever durante as aulas remotas — a leitura só deslanchou mesmo no 3º ano do Ensino Fundamental, em 2022, quando o regime já era 100% presencial. Raphaela conta:

— Eu estudava bastante em casa com meus pais, e foi em casa que eu comecei a juntar as palavras. Bem depois, quando voltaram as aulas, eu vim para a escola e comecei a juntar mais palavras e consegui ler mais coisas. No 3º ano, comecei a ler com mais tranquilidade e segurança. Eu também errava algumas palavras, mas lia várias vezes para conseguir pegar aquela palavra.

Na memória da menina, ficaram as lembranças das aulas com os pais:

— Era assim: meus pais falavam as duas primeiras letras e eu tinha que juntar. Daí, depois, a gente tinha que fazer um picotado. Daí, depois, no final, a gente juntava tudo.

Cadernos personalizados

Mateus Bruxel/Agencia RBS
Giovana diz que, quando voltou à escola no formato presencial, conseguiu aprender a ler mais e a escrever.

Apesar de contar com a ajuda dos pais quando não estavam no trabalho, Giovana sentiu falta, durante o tempo de isolamento social, dos ensinamentos dos professores.

— Meus pais trabalham e meu irmão é autista, então ele não podia me ajudar tanto. Daí, quando eu fazia as atividades, eu não sabia se estava certo, se estava errado. Daí era meio difícil, porque eu não tinha um professor ali do meu lado para me ajudar, eu não podia ter alguma pessoa para me explicar. Quando voltei para a escola, consegui aprender a ler mais e a escrever — avalia a estudante.

Mesmo alfabetizada, a garota relata ainda ter dificuldades na leitura, especialmente quando há palavras difíceis nos livros. Ainda assim, tanto Giovana como Raphaela leram todos os 17 volumes da série de livros Diário de um Banana, de Jeff Kinney, dos quais gostaram muito.

Na São Pedro, durante a pandemia e depois, os professores passaram a enviar para casa cadernos personalizados conforme a demanda de cada aluno, como um reforço de aprendizagens previstas para séries anteriores. A medida foi uma solução encontrada devido à falta de espaço para oferecer aulas de recuperação de aprendizagem no contraturno. Essa prática ocorreu até o ano passado.

"Não foi fácil", diz mãe de aluno

Mateus Bruxel/Agencia RBS
Eduardo, 11 anos, fez reforço para sanar algumas dificuldades de aprendizagem que tinha.

Eduardo Hartmann Borges, 11 anos, teve mais sorte do que Raphaela e Giovana: quando a pandemia começou, já sabia ler e escrever, coisa que aprendeu ainda na pré-escola. Com isso, foi mais fácil acompanhar as aulas online do Colégio Dom Bosco e até ver coisas legais no período de isolamento social.

— Eu achei muito divertido até, não me importei muito com saudades e tudo o mais, porque eu não conhecia muito os meus colegas naquela época. O melhor foi quando o meu pai recebeu 15 dias de repouso, em que ele poderia ficar em casa, por causa da pandemia. Aí, ele ficou me dando suporte para montar o espaço onde eu ficaria tendo aula, e ele me ajudava a fazer algumas questões que a professora passava — descreve o menino.

Já os pais de Eduardo têm memórias mais complexas dessa época, que envolvem um esforço para dar conta do trabalho, da organização da casa e da adaptação do pequeno ao novo formato, tudo ao mesmo tempo. A mãe do pequeno, a gerente-executiva da Sulgás Milene Hartmann, 44 anos, resume:

Não foi fácil. Era ele no quarto com o computador, eu na sala com outro computador. Às vezes, a gente revezava: eu no quarto e ele na sala. Eu fazendo reunião e ele no meio da aula. Mas, no fim, deu tudo certo.

A Dom Bosco, em poucos dias, adaptou suas aulas ao meio digital, ministradas em uma plataforma. Milene elogia a professora da época, que deu conta da condução de uma turma de crianças de seis anos.

— A professora foi muito habilidosa, conseguiu ordenar uma turma de praticamente 20 alunos que nem se conheciam ainda. Ela conseguiu dar uma sequência boa para o trabalho e entender os níveis e as dificuldades de cada um para poder direcionar o estudo — observa a mãe.

Rede de apoio

Assim que a escola permitiu que as atividades presenciais fossem retomadas, a família passou a levar Eduardo. Para isso, contou com a rede de apoio. O pai do menino, o gerente de qualidade da Sultécnica Lawrence Borges, 45 anos, relata:

— O meu trabalho exigia que eu iniciasse mais cedo, antes da aula. Então, tivemos que usar todos os recursos: tinha a minha mãe, a mãe dela (Milene). Quando tivemos a oportunidade de trazer para a escola, botávamos a mascarazinha, ele vinha com todos os cuidados, abastecia de álcool gel toda a mochila e vamos lá começar.

Quando estava no 3º ano, Eduardo frequentou aulas de reforço no próprio Dom Bosco. O estudante deixa claro que sempre foi bem no colégio, mas reconhece que essa ajuda extra fez bem.

— Eu nunca fiquei abaixo da média em nada, mas sentia algumas dificuldades em que eu queria melhorar. Ficar melhor do que eu já era — explica o aluno.

O menino também adora jogar futebol e ler. Seu autor preferido é Júlio Verne, de quem já leu Vinte Mil Léguas Submarinas e Viagem ao Centro da Terra. O próximo da fila é A Volta ao Mundo em 80 Dias.

Programa de recomposição de aprendizagens

Para combater o déficit de aprendizagem durante a pandemia, a rede municipal de Porto Alegre adotou um programa de recomposição de aprendizagens com uma série de estratégias:

  • Currículos específicos
  • Planejamento interdisciplinar
  • Arranjos didáticos com a possibilidade de dois professores ministrando as aulas
  • Agrupamento de alunos com as mesmas dificuldades
  • Laboratórios de aprendizagem tanto no contraturno como no próprio turno que o estudante frequenta
  • Turmas de diferenciação pedagógica
  • Ampliação do tempo integral
  • Projetos tecnológicos voltados para a alfabetização e o numeramento 

Conforme a Secretaria de Educação de Porto Alegre (Smed), todas as ações seguem acontecendo, sendo adotadas pelas escolas conforme suas realidades.

Educação baseada em evidências

Na rede estadual de ensino, foi estabelecido um sistema de avaliação diagnóstica do desempenho dos alunos que, posteriormente, se estruturou em um Centro de Educação Baseada em Evidências, com o qual dados ligados ao perfil do estudante atendido são utilizados na tomada de decisões. 

No primeiro teste do Avaliar É Tri, em 2021, foram identificadas lacunas de aprendizagem nas áreas de matemática e língua portuguesa ocorridas no ano anterior, o que culminou no programa Aprende Mais, que contou com formação e remuneração diferenciadas para professores e orientadores trabalharem com a recomposição de aprendizagens.

A medida foi acompanhada pelo aumento da carga horária semanal de matemática e língua portuguesa e da contratação de 4 mil novos docentes, e da produção de material didático de apoio. Ainda na área pedagógica, os Estudos de Aprendizagem Contínua envolvem intervenções pedagógicas durante o calendário de aulas e uma semana de estudos intensivos ao final de cada trimestre, com o intuito de recuperar lacunas de aprendizagem que ficaram naquele período.

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) também distribuiu Chromebooks para docentes, coordenadores pedagógicos e alunos. Para qualificar a infraestrutura, destinou R$ 503,2 milhões nos últimos quatro anos às instituições em um modelo que visa agilizar os trâmites para a realização de reparos. Criou ainda, no final de 2021, o programa Todo Jovem na Escola, que destina bolsas para estudantes do Ensino Médio em situação de vulnerabilidade social, a fim de prevenir o abandono e a evasão escolar.

Pacto nacional

Já o governo federal lançou, em junho do ano passado, o Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens. Focada em oferecer apoio técnico e financeiro para estados e municípios implementarem ações e programas que alavanquem os níveis de conhecimento de crianças e adolescente, a iniciativa foi criada a partir do diálogo com especialistas e gestores públicos como uma resposta ao agravamento da desigualdade educacional registrada desde a pandemia. 

A medida é dividida em cinco eixos: reorganização curricular, avaliação das defasagens, desenvolvimento de práticas pedagógicas, formação de educadores para a recomposição de aprendizagens e oferta de uma plataforma com materiais suplementares.

Estudantes pobres tiveram perdas maiores

Para além das redes de ensino, dezenas de entidades ligadas à educação se engajaram desde o início da pandemia no desenvolvimento de ferramentas e estudos que identificassem as falhas de aprendizagem deixadas pelo período de isolamento social e ajudassem a superar esses déficits. 

Entre os especialistas, há alguns consensos: estudantes mais pobres, que não possuíam computadores individuais e internet em casa, tiveram perdas muito maiores. Eles demandarão um olhar intersetorial do poder público por muito tempo e, mesmo assim, provavelmente terão algumas lacunas irrecuperáveis.

O Brasil foi um dos países que ficaram mais dias sem aulas nas escolas (durante a pandemia). Isso gerou um desengajamento muito grande dos estudantes

MÔNICA PINTO

Chefe de Educação do Unicef no Brasil

Em setembro de 2022, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou um estudo que envolveu estudantes de escolas públicas de 11 a 19 anos, que procurou mapear os efeitos da covid-19 na educação

Na época, 90% responderam que tinham acessado a internet nos três meses anteriores, mas 99% haviam usado por meio de um celular e 68%, pela televisão. Menos de três em cada 10 fizeram o uso em um computador de mesa (28%) ou notebook (25%).

Outro dado que chama a atenção é que 11% dos respondentes afirmaram não estar frequentando a escola, o que representaria cerca de 2 milhões de crianças e adolescente. Entre os que tinham pensado em desistir de estudar nos três meses anteriores, o índice subia para 21%.

— O Brasil foi um dos países que ficaram mais dias sem aulas nas escolas. Isso gerou um desengajamento muito grande dos estudantes. Nem todos eles conseguiram receber atividades pedagógicas ao longo desse período, muitos porque, de fato, não tinham acesso às atividades, fossem materiais ou por internet. Muitas redes usaram programas de rádio, de TV, levaram materiais apostilados para as famílias, mas sabemos que houve uma perda significativa — sintetiza a chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Pinto.

Dificuldade para acompanhar as aulas

A pesquisa também questionou quais iniciativas os estudantes gostariam que a escola tivesse para combater o impacto da pandemia. Quase todos defenderam que a escola fizesse avaliações para saber o que os alunos já aprenderam (91%), atividades que favorecessem o bom relacionamento entre colegas (89%) e tivesse aulas de reforço escolar (83%) e professores tutores (82%).

— Muitos adolescentes relataram a sensação de que, como tinham deixado de aprender coisas importantes, estavam com dificuldade para acompanhar as aulas. Muitos outros também vivenciaram processos de angústia, ansiedade, sofrimento — cita Mônica.

O Brasil vai ter que dar suporte para toda a geração impactada pela pandemia

MÔNICA PINTO

Chefe de Educação do Unicef no Brasil

A chefe de Educação do Unicef elogia o Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens, do governo federal, por ter sido construído ouvindo diferentes personagens da área educacional e oferecer recurso e suporte específico para os estudantes afetados.

— O Brasil vai ter que dar suporte para toda a geração impactada pela pandemia. Teremos nesse coorte crianças e adolescentes que tiveram um atendimento diferenciado. Algumas puderam ter o necessário, outras nem tanto, outras quase nada, e todas estão nas redes. Alguns estudantes vão conseguir retomar o processo de aprendizagem e outros vão demorar mais tempo. Então, é muito importante que isso seja observado por um bom tempo — avalia a executiva.

Crianças com baixa autoestima

Professora da Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e vice-líder do Grupo Aula: Alfabetização, Linguagem e Ensino, Luciana Piccoli acompanha há anos a realização de estágios de alunos do curso de Pedagogia em escolas, dentro dos quais, com frequência, são realizados projetos com avaliações diagnósticas e intervenções junto às crianças.

Em parceria com a professora Sandra Andrade, no ano passado, foram montados dois grupos de 10 estudantes que estavam no 4º ano e ainda não tinham sido alfabetizados, mesmo não tendo nenhum tipo de deficiência. Quando a pandemia começou, eles cursavam o último ano da pré-escola.

Essas crianças tinham uma autoestima baixíssima. Precisamos, primeiro, fazer um trabalho de recuperação da confiança da criança na sua própria capacidade de aprender

LUCIANA PICCOLI

Professora da Faculdade de Educação da UFRGS e vice-líder do Grupo Aula: Alfabetização, Linguagem e Ensino

Foram feitas atividades no turno inverso às aulas ao longo de quatro meses. Em vez de focar imediatamente em atividades de aprendizagem, as docentes identificaram que, primeiro, precisavam lidar com a saúde mental dos alunos.

— Essas crianças tinham uma autoestima baixíssima. Precisamos, primeiro, fazer um trabalho de recuperação da confiança da criança na sua própria capacidade de aprender, por meio de jogos, brincadeiras, engajamento com a temática da leitura e da escrita, porque esses alunos vêm de um meio social em que a leitura e a escrita são pouco valorizadas — destaca Luciana.

Dificuldades transitórias podem virar permanentes

Além de problemas de autoestima escolar, os pequenos apresentavam dificuldades que, se começaram como transitórias, podem ter se tornado permanentes: de acordo com a pesquisadora, as crianças não desenvolveram as funções executivas, conhecidas como memórias de trabalho, utilizada no processo de aprender a ler uma palavra e, depois, chegar ao significado dela, por exemplo. 

Elas também mostraram pouca flexibilidade cognitiva, que ajuda o indivíduo a solucionar os pequenos problemas da vida cotidiana, e tiveram dificuldade com o controle inibitório, que permite que, mesmo em ambientes mais adversos, com mais barulho ou movimento, seja possível se concentrar e aprender. Todos esses são obstáculos no processo de alfabetização e aprendizagem como um todo.

— Dificuldades que eram transitórias, como não foram sanadas na janela de aprendizagem certa, que é mais ou menos até os 12 anos, quando o cérebro tem essa abertura para todas as construções, vão se tornando permanentes — alerta a educadora.

Crianças que não se alfabetizaram até o 2º ano do Ensino Fundamental (...) vão precisar de um (...) investimento mais personalizado e de estratégia de pedagógicas diferenciadas

LUCIANA PICCOLI

Professora da Faculdade de Educação da UFRGS e vice-líder do Grupo Aula: Alfabetização, Linguagem e Ensino

Durante a intervenção, após lidar com a baixa autoestima dos alunos, foi executado um trabalho que a professora descreve como "artesanal", que envolveu a busca por propostas que, de fato, gerassem conexão e engajamento daquelas crianças, algumas das quais já eram pré-adolescentes. O uso de múltiplas estratégias, com metodologias diferenciadas e personalizadas conforme as necessidades de cada estudantes, gerou avanços na alfabetização das crianças participantes.

— Crianças que não se alfabetizaram até o 2º ano do Ensino Fundamental, que é a meta da BNCC (Base Nacional Curricular Comum), vão precisar de um atendimento, uma mediação, um investimento mais personalizado e de estratégia de pedagógicas diferenciadas. Se não, elas vão chegar ao 5º, 6º, 7º, 8º, 9º ano ainda não alfabetizadas. Então, é essencial que as escolas ofereçam o que nós buscamos oferecer nesta pesquisa — recomenda a docente da UFRGS.

Iniciativas de sucesso

Apesar dos alertas com tom de gravidade, a professora universitária trouxe uma boa nova: no ano passado, ela e seu grupo trabalharam com um 2º ano do Fundamental "com cara de 2º ano", coisa que não ocorria há muito tempo. 

Nessa turma, foi possível trabalhar a fluência leitora, a consolidação da ortografia e até a produção textual, o que tem sido avançado demais para os pequenos que chegam a essa série. Entretanto, entende que o mérito, nesse caso, é das professoras, e não de um projeto de rede.

Entre iniciativas de sucesso nas redes municipais, Luciana cita o projeto Letralândia, em Porto Alegre; o Ateliê Alfaletrar, em Novo Hamburgo; e o Apoiar, em Passo Fundo — todas são iniciativas de escolas específicas, e não políticas de rede, o que ainda falta, na opinião de Luciana.

Jackson Almeida, analista de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, pontua que as redes que investiram de forma assertiva em ações de recomposição de aprendizagens, com avaliações diagnósticas e atividades de reforço, tiveram bons resultados

Outras iniciativas positivas foram a ampliação do tempo de aula, a oferta de tutorias e a criação de políticas específicas de formação docente e de materiais didáticos.

Preocupação com alunos do Ensino Médio

Ainda que seja fundamental viabilizar a alfabetização das crianças que progrediram de séries sem ela — afinal, saber ler e escrever é essencial para aprender qualquer outra disciplina —, Almeida aponta para uma preocupação especial com os estudantes que, hoje, estão no Ensino Médio.

— O jovem que está no Ensino Médio vivenciou as outras etapas no período pandêmico com um modelo mais híbrido. Alguns dados do Saeb e do Ideb mostram que, por mais que nos Anos Iniciais já haja desafios relacionados à aprendizagem, esses desafios vão escalonando conforme as etapas vão aumentando — avalia o analista.

Mesmo tendo identificado iniciativas positivas e eficazes de combate ao impacto da pandemia em redes de ensino de diferentes partes do Brasil, Almeida afirma que, hoje, é difícil saber se as políticas implementadas se mantêm. Destaca, ainda, que existe uma demanda na área de saúde mental nas escolas que precisa ser considerada, e que o ideal é que todas as instituições tenham psicólogos próprios.


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