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Com posto de saúde abandonado, indígena grávida de oito meses é atendida em "maca" improvisada com cadeiras em Viamão

Cacique da aldeia guarani Pindó Mirim diz que situação já foi relatada aos órgãos responsáveis

26/03/2025 - 12h25min

Atualizada em: 26/03/2025 - 12h25min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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Uma indígena grávida de oito meses precisou ser atendida em uma "maca improvisada" com cadeiras na aldeia guarani Pindó Mirim, em Viamão, na Região Metropolitana, durante visita médica no início de março.

Desde 2023, quando o forro do posto de saúde desabou, as 27 famílias da etnia mbyá guarani que moram no local não têm espaço apropriado para atendimento médico e precisam realizar consultas uma vez por semana em locais improvisados.

— Bem desconfortável, ainda mais ter que deitar na cadeira, porque dói as costas — diz Nicole Moreira da Silva.

Nicole não foi a única grávida da aldeia indígena a precisar receber atendimento improvisado. Adriana da Costa também realizou consulta deitada em cadeiras agrupadas.

— Ter de deitar é um perigo para as costas e para a criança, porque a cadeira é dura — diz Adriana.

De acordo com Valdecir Moreira, cacique da aldeia, a situação já foi relatada à Secretaria da Saúde Indígena do Ministério da Saúde, à prefeitura de Viamão e ao Ministério Público Federal (MPF). Mas, segundo o cacique, o posto de saúde segue abandonado pelo terceiro ano seguido.

— Esse espaço era uma maravilha, tinha tudo aqui dentro. Tinha espaço odontológico completo, macas para as mulheres gestantes serem atendidas. A gente tinha o que o posto de fora também tem — diz Moreira.

O que dizem

A prefeitura de Viamão diz que a gestão, que assumiu no início do ano, está planejando a reestruturação, mas não dá prazo. 

O MPF diz que esteve no local e ouviu as demandas da população. 

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) diz que o órgão responsável pela saúde indígena é o Ministério da Saúde.

O Ministério da Saúde afirma que abriu uma licitação para contratar uma empresa para reformar a Unidade Básica de Saúde Indígena da Aldeia Itapuã e que não conseguiu realizar a obra no ano passado por falta de empresas interessadas.

Aldeia abriga 27 famílias

Afastada do centro de Viamão, a aldeia guarani Pindó Mirim ocupa um espaço de 20 hectares e abriga 27 famílias mbyá guarani. O terreno é próximo à Reserva Estadual do Itapuã, território considerado ancestral pela etnia.

O local tem um posto de saúde há 20 anos, mas o local deixou de ser usado por falta de segurança e infraestrutura, principalmente depois que o forro de gesso do local desabou. 

Equipamentos médicos, cadeira de dentista e mesmo o ar-condicionado do local seguem no prédio em ruínas, sem manutenção.

O atendimento médico à população acontece de forma improvisada: profissionais de saúde ligados à prefeitura de Viamão vão à aldeia toda segunda-feira e precisam improvisar a estrutura necessária. Crianças e idosos precisam ter atendimento odontológico no meio do pátio, por exemplo.

Idoso tirando dente na rua é um descaso. Hoje é falta de vontade de fazer, não falta verba. Falta vontade com a minoria — diz o cacique.


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