Seu problema é nosso
Estudantes sofrem sem passagem escolar em Quintão
Situação ocorre desde o início das aulas, em fevereiro

Desde o início de fevereiro, quando as aulas voltaram na rede de ensino gaúcha, Valeska Leite, 49 anos, está tendo que pagar com dinheiro do próprio bolso as passagens do filho Nathanael Leite, 17. De acordo com a autônoma, isso não ocorria antes. A família mora em Balneário Quintão, mas Nathanael cursa o terceiro ano do Ensino Médio em Balneário Pinhal, porque não há escolas que oferecem Ensino Médio no primeiro município. Para arcar com os custos de deslocamento, a prefeitura de Palmares do Sul, que governa Quintão, distribui os bilhetes dos ônibus intermunicipais para os estudantes. Porém, neste ano letivo, o processo está sendo realizado de forma diferente.
No dia 20 de fevereiro, a Secretaria de Educação de Palmares do Sul publicou em sua página no Facebook um anúncio de que estaria distribuindo as passagens no dia 21 de fevereiro, das 8h às 17h, na subprefeitura de Quintão. Como Valeska ficou sabendo da informação em cima da hora, não pôde ir no dia para retirar os bilhetes. Na segunda-feira, dia 24, compareceu ao local e foi informada de que as passagens tinham acabado. A procura tinha sido maior que a demanda. A mãe relata que, nos anos anteriores, os bilhetes eram deixados na subprefeitura de Quintão e bastava um telefonema para saber se já tinham chegado e se ela já podia buscá-los.
— Agora, se tu não pegou no dia, já era. Sem contar que, para ficar sabendo se as passagens estão disponíveis, a gente tem que seguir a página da secretaria no Instagram ou Facebook. Eu não tenho Instagram, então tenho que ficar pedindo para conhecidos me avisarem. Depois que não consegui pegar os bilhetes, eu liguei para a Secretaria de Educação de Palmares do Sul e eles disseram que em 10 dias teriam novas passagens. Já faz mais de um mês e nada. — lamenta Valeska.
Sem resposta
A mãe relata que até hoje segue ligando diariamente para a prefeitura e, na maioria das vezes, não é atendida. Em outros momentos, informaram que as passagens já tinham sido compradas e o problema era responsabilidade da empresa de ônibus São José. Ao contatar a empresa de transporte, não obteve nenhuma resposta.
O colega de Nathanael, Wellington Paim dos Santos, 18 anos, também está sofrendo com a falta de bilhetes. Ele conseguiu comparecer à subprefeitura no dia 21 e pegar os bilhetes de março, porém, já faz uma semana que eles acabaram. Ou seja, há 5 dias Wellington está tendo que arcar com os custos do deslocamento até a escola e teme que não haja reembolso do valor. Valeska, que está precisando arcar com os custos do deslocamento do filho para a escola há dois meses, expressa sua indignação:
— Não é só com o meu filho. A passagem tem um valor elevado. São R$ 6 por trecho, R$ 240 reais por mês. Aqui o pessoal é de baixa renda, as pessoas são simples e, por isso, as crianças vão deixar de ir na escola.
O que diz a prefeitura
Contatada pela reportagem, a Prefeitura de Palmares do Sul afirmou que a empresa da qual o município realiza a compra dos bilhetes está, desde o segundo semestre do ano passado, com problemas de documentação, o que inviabiliza a sua contratação. Para suprir a necessidade dos alunos, a prefeitura relata ter adquirido bilhetes de forma excepcional no início do ano letivo. Porém, o número de passagens foi baseado na quantidade de alunos do ano passado, que, de acordo com o órgão, aumentou neste ano "o que acarretou na falta de passagens para finalização do período mencionado na reclamação". De acordo com o município, a empresa de transporte e a Metroplan já foram notificadas sobre os problemas de documentação. Contudo, "para não prejudicar ainda mais o deslocamento dos alunos", a prefeitura diz estar adquirindo novas passagens e que "solucionará os problemas nos próximos dias". Sobre as reclamações do atendimento no telefone da Secretaria de Educação, o órgão destaca que todos que entram em contato são bem atendidos e que "não ficam sem os devidos esclarecimentos legais".
* Produção: Elisa Heinski