Direto da Redação
Lis Aline Silveira: "E a passagem?"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano

Em 6 de março, após conversa com o prefeito Sebastião Melo, o colunista de GZH Jocimar Farina publicou nota relatando que a passagem de ônibus de Porto Alegre iria aumentar, após quatro anos sem mudança de valores.
O reajuste ainda não foi anunciado, mas especula-se que a tarifa, que atualmente custa R$ 4,80, passaria para R$ 5. Seriam R$ 0,20 a mais por viagem no bolso de trabalhadores e pessoas que precisam se deslocar pela Capital por algum motivo.
O provável aumento traz à tona um debate que já é de décadas, e não se restringe a Porto Alegre: a qualidade do transporte que é oferecido à população.
Quem circula de ônibus sabe que, depois da pandemia – aliás, este cinco anos passaram voando – muita coisa mudou no transporte coletivo. Linhas foram reduzidas, horários subtraídos, e os relatos são inúmeros de que, até hoje, não há ônibus circulando como havia antes de 2020. Por outro lado, as empresas de ônibus relatam uma queda no número de passageiros, aliada à alta demanda de gratuidades. É uma reclamação antiga, e que já vem de antes da pandemia. Entre os motivos, está o surgimento do transporte por aplicativo. Às vezes, pedir um carro por app é quase o mesmo valor que pagar a passagem, e com muito mais conforto.
Só que o app não é a melhor pedida para quem mora, por exemplo, no bairro Restinga e trabalha no Centro Histórico, a uma distância de pelo menos 24 quilômetros. Daí, não tem bolso que resista, e o ônibus acaba sendo a opção obrigatória, mesmo que com superlotação e sem ar-condicionado, em dias de calor intenso como os que andaram castigando a todos ultimamente.
Nesta complexa engenharia, entra o poder público concedendo subsídios para que os ônibus rodem – somente em 2024, a prefeitura repassou R$ 180 milhões para o sistema de transporte. A verdade é que a passagem vai seguir pesando no bolso, as empresas seguirão reclamando de prejuízos, mas o transporte público não pode parar.