Coluna da Maga
Magali Moraes e a escova elétrica
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Escovar os dentes é coisa séria pra uma família cheia de dentistas como a minha. Desde que me conheço por gente, fio dental é item obrigatório. E não tem essa de matar a escovação. Faço tudo direitinho pra sorrir confiante, mas tenho a mão pesada e a gengiva sofre. Meu irmão já havia falado das vantagens da escova elétrica. Não só falou como indicou modelo, mandou foto, avisou de promoções. Ele mesmo começou a usar e me contou várias histórias de sucesso dentário.
Pra mim, isso era coisa de filme americano. Já reparou que, se tem cena de banheiro, é bem provável que alguém apareça escovando os dentes com escova elétrica? E ainda conversam sem babar com ela funcionando, que habilidade! Estou em treinamento, ganhei uma do meu mano dentista. No início é estranho demais, muda toda a lógica. A gente tem que reaprender a escovar os dentes e criar um novo hábito. No meu caso, não posso mais usar a força que sempre foi o meu jeitinho.
Atenção
Pior que estou gostando. Enquanto me acostumo com a novidade, escovar os dentes está exigindo atenção redobrada. O ciclo dura dois minutos, dividido em quatro partes (os dentes de cima na frente e atrás, idem os de baixo). Se me distraio, perco o momento certo que dá uma vibraçãozinha avisando pra mudar de posição. A coisa é toda pensada e cronometrada pra escovar igual cada parte, sabe assim? Me dei conta que é um baita exercício de mindfulness (ou atenção plena): foco e concentração.
Daí eu pergunto: com escova normal, quem demora esse tempo todo escovando os dentes? São dois longos minutos percorrendo a arcada dentária de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Depois que a gente se familiariza com a escova elétrica, esses mesmos dois minutos parecem mais rápidos. Cada dente se sente tri importante. O tártaro é que não gostou, foi embora assustado. Agora três ou quatro vezes ao dia, tenho dois minutinhos de reflexão (e baba) na frente do espelho. Obrigada, Lu.