Coluna da Maga
Magali Moraes e as ondas de outono
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Dizem que vem aí outra onda de calor. Totalmente desnecessário, gente. Pra que mais suador e sensação térmica abusiva? Escolhi ignorar essa informação. Prefiro pensar nas buenas ondas que o outono traz. Desde ontem, estamos em uma nova estação. Aleluia! Me faltam palavras pra expressar tanta alegria, mas vou tentar. Outono é equilíbrio, a definição de temperatura agradável, noites que convidam a relaxar e sonhar, o encontro perfeito do calor levinho com o friozinho que chega.
Bem lembrado: o outono é feito de diminutivos aconchegantes: a manguinha longa, o chazinho quente, o casaquinho que acorda faceiro da hibernação, a cobertinha pra deixar nos pés da cama, um vinhozinho tinto com queijinhos variados, um banho bem quentinho. Aos inimigos do fim do verão, eu peço misericórdia. Chegou a nossa vez. Desidratamos de suar. As (poucas) sombras das árvores já não davam conta de nos refrescar. As plantas e gramas passaram sede, e agora querem uma trégua.
Pele
A natureza precisa mudar de ciclo pra lá adiante se renovar. E quem não precisa? Nas ondas de outono também podemos trocar de pele, de planos, de rotina, de gosto. Na mesa, os paladares mudam. Voltam as sopas, os caldos, as lasanhas e outros pratos encorpados. Enquanto isso, os sorvetes descansam no freezer. Claro que o estômago tem a palavra final, e pode resolver ter fome de feijoada em pleno verão. Mas é fato que as novas temperaturas despertam um apetite sazonal.
Talvez eu esteja indo com muita sede ao pote. Ou seria fome? Aliás, meus alpistes, frutas e saladas vão resistir ao outono? Tudo se ajeita quando se quer. O que me apetece de verdade é mudar de estação. Saber que nos próximos três meses as buenas ondas serão outras. Apesar das preferências por frio ou calor, quando vivemos o momento aproveitamos mais. Já sinto o cheiro de bergamota nas mãos, e você? Que esse outono recém iniciado nos transforme de alguma maneira.