Quanto tempo duram os eletrodomésticos? Hoje em dia, bem menos que no passado. Já saem de fábrica com prazo de validade curto, senão a roda do comércio não gira. Se a gente cuidar direito, sua vida útil prolonga (mas não se apegue). Aqui em casa, as torradeiras e sanduicheiras são campeãs de troca. Perdi a conta de quantas já substituí. Por outro lado, tenho o exemplo de uma lava louças anciã: funcionou até o último suspiro, já nem fechava direito e seguia em ação.

Esses dias, me chamou a atenção um fogão abandonado no canteiro de uma grande avenida de Porto Alegre. Nenhum eletro merece um fim assim. A tampa de vidro e o fundo separados do corpo, as quatro bocas caladas. Se pudessem, diriam “poxa vida, receber esse tratamento depois de preparar tantos almoços e jantares”. Quase dava pra sentir o cheiro de bolo assando no forno ou escutar o barulho dos grãos de pipoca estourando dentro da panela numa tarde de domingo.

Varal

No setor dos utensílios domésticos, a durabilidade também é uma incógnita. Tenho reparado na vida inútil dos prendedores de roupa. Os de plástico não deveriam durar mais? Não aguentam o tranco de sol a sol, a gente vai prender um pé de meia no varal, a perna do prendedor quebra e salta longe. Sem falar na molinha interna, que enferruja fácil. Quem sabe inventam os de silicone, à prova de tudo, pra durar mais? A gente já tem que se preocupar com tantas outras substituições.

Eletros vão pro conserto com grandes chances de sobrevida. O problema é que algumas peças custam um rim. Vale ou não prolongar essa vida? Quando a gente não perde dinheiro, perde a paciência. Na gaveta de talheres, as facas sem fio agonizam. No armário aéreo, os copos observam tudo sabendo que a qualquer hora serão eles a irem pro chão. Se for só um trincadinho, continuam na ativa ou bye bye? Conheço formas T-Fal que, mesmo arranhadas e estropiadas pelo uso, seguem úteis por uma vida.

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