Coluna da Maga
Magali Moraes: sem celular, e agora?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


Um belo dia, acontece. Até os mais cuidadosos quebram seu amado celular. O meu deu um salto mortal pro chão (quem mandou largar o coitado metade no balcão da pia, metade no ar). Trincou toda a parte traseira, parecia uma fratura exposta. Nem a capa protetora aguentou a queda livre. Como se eu fosse uma paramédica atendendo uma emergência, imediatamente conferi os sinais vitais. Ele estava respirando, tudo funcionava, mas precisava de atendimento especializado.
E agora?, pensei. Ficar sem celular é como me tirarem um braço. Sou dependente, não nego. Então adiei ao máximo o momento da separação. Primeiro fui me acostumando com a ideia. Pra cair na real, busquei um orçamento. Quase infartei. Os imprevistos sempre acontecem na hora errada. Por uma coincidência, outro celular da família teve um mal súbito na praia e foi prontamente atendido. Era só eu levar o meu lá também. Que incentivo: custaria quase a metade do valor orçado.
Logística
Mesmo assim, enrolei o quanto pude. Já estava apegada ao trincado, tava até bonitinho. Mas é preciso ser forte, e comecei a planejar a logística. Qual seria o dia menos pior? Nossa separação necessitava apenas de um turno estendido (que parecia uma década). Coragem, guria. Pessoas escalam montanhas e atravessam desertos e enfrentam perigos bem maiores. O que poderia acontecer nesse breve período sem celular? A família estava toda comigo, a troca de mensagens era cara a cara.
Pra encurtar a história, sobrevivi. Deixei o celular no conserto às 19h e busquei no final da manhã seguinte. Engraçado como a gente se sente desamparada sem esse retangulinho tecnológico que informa, diverte, paga contas e dá até pra telefonar. E se eu quisesse saber as horas durante a noite? Dormi com o notebook ligado no quarto. Antes e depois, o WhatsApp Web baixou a ansiedade. Se fosse um conserto mais demorado, seria o caos. Redobrei os cuidados. Não me aguento sem celular.