No que você pensa quando te perguntam o que é música brasileira? Axé, samba e pagode? Com certeza, esses ritmos são considerados brasileiros. Mas você já pensou que milongas, pajadas e as músicas gaúchas tradicionalistas também são? É para exportar a música feita no Sul para os quatro cantos do país – e do mundo – que o movimento Sul Universal surgiu. No dia 22 de fevereiro, a associação foi lançada em um evento em Porto Alegre. E a agenda de atividades para os próximos meses está recheada de novidades.

As duas principais ações são um festival de música e um podcast com personalidades que trazem certa inovação para o tradicionalismo gaúcho. Os episódios estão sendo lançados semanalmente no YouTube, e a segunda temporada será lançada ainda neste ano. Já o festival será realizado em cinco cidades do RS e terá entrada gratuita. 

O músico e escritor Carlos Badia, 60 anos, é o responsável pelas relações institucionais da associação e explica que o movimento busca valorizar o que é produzido aqui de uma forma ampla.

— A gente se propõe justamente a olhar para os ritmos e as músicas feitas no Estado com uma abertura mais universal. Por exemplo, vários de nós fazemos milongas tradicionais, mas também fazemos milongas que têm uma outra roupagem que não deixa de ser milonga. Também abrangemos os ritmos afro-gaúchos, porque, mesmo não sendo gaúchos tradicionais, eles são uma parte importante da música no RS — explica o músico.

Manifesto

Apesar de ter sido lançado há pouco tempo, o projeto está em gestação há mais de dois anos. Badia conta que percebeu a característica em comum da sonoridade da música produzida no RS em um dos festivais que organizou em Bento Gonçalves. Isso ocorreu em 2022, no evento Bento Jazz, e colocou uma pulga atrás da orelha do artista:

— Depois desse festival começamos a conversar. Lá tinham tantos artistas, com uma sonoridade tão parecida, que têm uma mesma ideia ou concepção. Pensamos: “Isso está com cara de movimento artístico”. E, a partir dessa constatação, começamos um grupo de debate sobre o que era isso e elaboramos um manifesto, chamado manifesto Sul Universal.

A partir desse documento que desmembra as características da música sul-riograndense, surgiu o movimento artístico Sul Universal. 

Após o lançamento, os planos são muitos. No horizonte, Badia destaca a criação de uma escola de música para profissionalizar artistas gaúchos, além da inscrição do projeto em editais de fomento à cultura.

— Queremos propor alternativas de fomento para governos e iniciativa privada para que a exportação da nossa música, tanto na América Latina, quanto fora do nosso continente, seja efetiva — finaliza o músico.

As ações

Festival

/// 19/4 – Encantado

/// 24/4 – Osório

/// 26/4 – Porto Alegre

/// 11/5 – Lajeado

/// 17/5 – Pelotas

/// Mais informações serão divulgadas no Instagram.

/// Podcast: os episódios serão lançados semanalmente, às sextas-feiras, no canal do movimento no YouTube. O primeiro, com Yamandú Costa, já está disponível

*Produção: Elisa Heinski