TRABALHO HUMANITÁRIO
ONG busca voluntários para alegrar hospitais
Utilizando a risada como forma de cura, grupo da capital gaúcha visita instituições vestidos de palhaços para ajudar pacientes


Em um dia, estudante de mestrado, no outro, alguém que está com o nariz vermelho da palhaça. Essa é Espoleta, que faz brincadeiras pelas salas do hospital. No mundo da diversão este pode ser o nome dela, mas por trás das roupas coloridas está Renata Tavares, 44 anos, tecnóloga em Radiologia e também presidente da ONG Viver de Rir.
O grupo de voluntários de Porto Alegre atua desde 2010 e, há quase 15 anos, faz sorrisos surgirem em meio às histórias que rodeiam a área hospitalar. Neste mês de março, a iniciativa abriu inscrições para novos voluntários que desejem participar das atividades.
A história da ONG começa após uma pesquisa de mestrado realizada por Renata em Saúde Coletiva. Em busca de uma forma de transformar o atendimento hospitalar em algo mais humano e divertido, a tecnóloga se inspirou no médico Patch Adams – que utiliza o humor como forma de cura – para trazer algo semelhante para a capital gaúcha. Com ajuda de seus amigos, roupas improvisadas e a vontade de ajudar o próximo, nasce o Viver de Rir.
Propósito
O que começou com uma vontade, hoje se expandiu, e o grupo já possui agenda fixa em hospitais e realiza atividades em outros locais da Região Metropolitana, como asilos, escolas e comunidades.
– Quando começamos, não imaginamos chegar tão longe. É uma alegria enorme pensar o quanto já fizemos e é uma realização compartilhada, porque não fazemos sozinhos – comenta Renata.
A palhaça Espoleta comenta que, para se inscrever, é necessário ter “o trabalho voluntário como um propósito na sua vida”. Esse é o principal requisito na hora da seleção. Para aqueles que se sentem inseguros, a artista revela:
– Não precisa ser formado nem ser da área da saúde, não precisa de um monte de coisas que imaginam. Precisa ter disposição para sair de casa e querer fazer a diferença na vida das pessoas.
Jornalista tornou-se a palhaça Rosinha
A ONG já faz parte de muitas histórias, e a de Cristiane Magno, 36 anos, é uma delas. Jornalista de formação, há 11 anos Cristiane conheceu o projeto enquanto produzia uma matéria sobre uma parceria do grupo com uma empresa pública.
Desde então, ela nunca mais se viu longe. Atualmente é voluntária com sua interpretação da palhaça Rosinha e também auxilia na assessoria de comunicação da ONG. A jornalista comenta que, ao longo dos anos, sua desenvoltura mudou. No início, a ansiedade e o receio de começar a se apresentar como palhaça a rodeavam.
– Na época, procurei conversar com palhaços antigos e trocar experiências, e depois disso me soltei – destaca Cristiane.
Seu dia a dia mudou. Ela possuía o desejo de ser voluntária e, apenas quando começou, entendeu o verdadeiro motivo de estar lá.
– É um sentimento incrível. Quando alguém solta uma risada, sinto que estamos curando um pouquinho daquela pessoa – relata.
Para além do trabalho profissional, Cristiane ressalta que sua experiência como palhaça refletiu na sua relação consigo mesma. Das diferenças entre a jornalista e a palhaça, ela destaca:
– A Rosinha é a melhor parte de mim, exagerada. Não tem medo de errar e vê o mundo de um modo muito mais divertido.
Inscreva-se
/// Para se voluntariar é necessário ser maior de 18 anos. Não é preciso ter nenhum conhecimento prévio sobre trabalho voluntário, todos os selecionados passarão por treinamento.
/// O encontro de seleção ocorre neste sábado, 15 de março, às 13h30min, na Casa de Cultura Mario Quintana (Rua dos Andradas, 736, Centro Histórico).
/// Os interessados devem se inscrever até o dia 13 de março no formulário ou no link da bio do Instagram @ongviverderir. O valor de inscrição é R$ 15.
/// Para mais informações: queroviverderir@gmail.com
*Produção: Josyane Cardozo