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Sem folia

Por que não há blocos nas ruas de Porto Alegre neste Carnaval?

Edital de financiamento do evento, que está aberto até 20 de março, foi atrasado em razão de impactos no orçamento gerados pela enchente. Programação deve ocorrer fora de época

04/03/2025 - 09h51min

Atualizada em: 04/03/2025 - 09h51min


Beatriz Coan
Beatriz Coan
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Neste ano, Porto Alegre ainda não deu a largada na programação oficial dos blocos de rua e a cidade está sem Carnaval. As saídas devem acontecer fora do período tradicional, segundo a prefeitura, entre outras razões pelo impacto da enchente do ano passado no orçamento municipal.  

Conforme a secretária de Cultura da Capital, Liliana Cardoso Duarte, foi necessário esperar o início do novo ano fiscal, com a definição dos recursos de 2025, para lançar o edital de financiamento dos eventos — que não aconteceu em tempo hábil para que as festividades ocorressem dentro dos dias tradicionais de folia.

— Para abrir o edital tem que ter o empenho. O valor tem que estar disponível nos cofres da prefeitura. E é um valor muito significativo para tudo que nós passamos em Porto Alegre com as enchentes, de pessoas sem moradia, com aluguel social — explica Liliana, sobre R$ 500 mil que serão aportados, sendo R$ 250 mil para infraestrutura e R$ 250 mil de cachê para os blocos.

O ano fiscal mudou no dia 10 de janeiro, e o edital foi lançado no dia 20 do mesmo mês, com prazo de encerramento em 20 de março. O desfile dos blocos deve ocorrer entre o dia 28 de março e a primeira semana de abril, na semana do aniversário da cidade.

Iniciativas independentes

A secretária de Cultura ressalta que nada impede a realização de eventos de rua por parte de iniciativas independentes durante o Carnaval — a única ressalva é de que não ocorram no bairro Cidade Baixa (entenda mais abaixo).

Para realizar eventos de rua, como desfile de blocos de Carnaval, os organizadores precisam cadastrar o projeto junto à Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET). A pasta é responsável por verificar com os órgãos fiscalizadores a viabilidade do evento e liberar ou não a sua realização.

Neste ano, foram cadastrados projetos de oito blocos independentes. O Bloco da Laje desfilou no final de janeiro; o Bloco das Pretas, no último sábado (1ª), e alguns devem ocorrer depois do feriado.

Zero Hora solicitou o calendário com as datas do projetos cadastrados, mas não houve retorno a té a publicação desta reportagem. 

Carnaval proibido na Cidade Baixa

Após reuniões das associações de moradores e comerciantes da Cidade Baixa com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET), a pasta repassou queixas da comunidade ao Ministério Público, que, em 26 de fevereiro, recomendou à prefeitura proibir eventos de rua durante o mês de março no bairro. 

Na recomendação, o MP menciona o relatório “Carnaval de Rua de Porto Alegre 2015”, elaborado pela Brigada Militar, que lista uma série de obstáculos à realização do evento de rua no bairro. Entre eles, o fato de as vias serem estreitas, o que dificulta a saída dos foliões em caso de urgência, de uma arquitetura de residências com janelas junto às calçadas, o que  aumenta a perturbação do sossego público, entre outros fatores.

O Executivo municipal, então, decidiu não autorizar a celebração na Cidade Baixa por conta da "impossibilidade de garantir segurança dos frequentadores, moradores e comerciantes".

Perspectiva para 2026

Para o próximo ano, Liliana afirma que a secretaria da Cultura já está se estruturando para que o atraso não aconteça novamente. 

— Eu vou chamar uma audiência pública com todos os blocos para a gente ter um marco regulatório. Saber o rendimento desses blocos, quem são os blocos, entender quais são os blocos raiz, quais os seus endereços, qual é a contrapartida social, qual é o tempo de vida desses blocos. Para passar uma peneira e fiscalizar para onde vai o dinheiro público — explica a secretária.


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