Eu Sou do Samba
Presidente da Imperadores do Samba fala sobre desafios da escola até a vitória no Carnaval de Porto Alegre: "Fizemos o máximo para acertar"
Colunista Alexandre Rodrigues escreve sobre Carnaval e samba todas as quintas-feiras


Luana Costa, presidente da Imperadores do Samba, recebeu Eu Sou do Samba para um bate-papo poucos dias após a vitória da escola no Carnaval 2025 de Porto Alegre. Na quadra da agremiação, ela, bastante emocionada, falou sobre os desafios superados — como a enchente que afetou a sede e integrantes —, a reconstrução interna após a derrota no desfile de 2024 e as estratégias que levaram à conquista do título. Confira.
Como foi receber o título de campeã de Porto Alegre e o que essa vitória representa para a Imperadores?
Foi uma sensação de recompensa. Nos últimos anos, a gente estava sempre batendo na trave, cometendo pequenos erros. É frustrante porque o trabalho é intenso, voluntário. Esse título mostrou que todo o esforço valeu a pena. Revisamos cada fantasia, ajustamos cada detalhe técnico, fizemos ensaios... Buscamos corrigir tudo o que nos tirou pontos no passado. Dentro das nossas condições, fizemos o máximo para acertar. Esse título não é só da nossa diretoria ou do nosso barracão, é de cada componente que dedicou seu tempo, sua energia e sua paixão.
Quais foram os principais desafios até o Carnaval de 2025?
Saímos do último Carnaval desmotivados. Perdemos de uma forma dolorosa, estourando o tempo. Foi preciso reconstruir relações, ouvir cada setor. Trouxemos de volta o Mestre Sandro Gravador (que esteve na escola até 2004), e a adaptação sempre leva um tempo. Depois, enfrentamos uma enchente que atingiu nossa sede e também pessoas da equipe. Ficamos dois meses sem poder realizar eventos, que são nossa principal fonte de renda. Precisamos contar com o apoio de amigos, parceiros e dos próprios componentes para nos reerguer. Foi um processo doloroso, mas que fortaleceu ainda mais nossa união.
O que fez a diferença para a Imperadores ser campeã?
O cuidado nos detalhes e a técnica. Buscamos equilíbrio para que cada ala tivesse seu destaque sem perder a harmonia geral do desfile. Além disso, encontramos novas formas de gerar receita, e conseguimos reduzir o custo da fantasia para os componentes, facilitando a participação de mais pessoas, principalmente de comunidades mais carentes. Foi um trabalho de gestão financeira rigorosa, mas que permitiu montar um desfile competitivo.
Qual foi o momento mais emocionante do desfile?
Para mim, sempre é na concentração, quando vejo a escola toda pronta, a comunidade vestida, os carros alegóricos iluminados, a bateria aquecendo. Parece impossível juntar tanta gente e fazer tudo funcionar, mas naquele momento tudo se encaixa. Na hora em que os carros estão todos acesos e vejo a garra dos componentes, bate um alívio e uma emoção indescritível. É gratificante ver que tudo deu certo, que aquele sonho que foi planejado durante meses finalmente se tornou realidade.

Dá para se divertir durante o desfile ou é só tensão?
No início, é muita tensão, principalmente quando sai o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. Esse ano usei rádio para me comunicar com a equipe, mas ele te tira um pouco da emoção do desfile porque você fica o tempo todo atento a qualquer problema. Depois que tudo começou a fluir, consegui relaxar um pouco e aproveitar. Quando percebi que os carros estavam passando bem e a harmonia estava firme, dei uma respirada e consegui curtir. Mas a adrenalina só baixa mesmo quando a última alegoria cruza a linha final.
Vocês já estão pensando no Carnaval do próximo ano?
Ainda estamos fechando compromissos deste ano, como shows, eventos beneficentes e apresentações em outros Estados. Também temos eventos internos, como a festa de agradecimento aos componentes e a prestação de contas para a comunidade. Mesmo assim, já estamos com algumas ideias para o próximo desfile. Há temas que foram sugeridos pela comunidade e também ideias internas da diretoria. Nossa intenção é definir tudo na primeira quinzena de abril, depois de cumprir esses compromissos.