Surpresa
"Se Deus mandou agora, tem algum propósito": sem saber que estava grávida, dona de casa dá à luz em UPA de Sapucaia do Sul
A criança e a mãe se recuperam no Hospital Municipal Getúlio Vargas e estão aceitando doações para montar o enxoval


Às 18h35min de segunda-feira (17), a dona de casa Camila Chies Teixeira, 36 anos, ouviu o choro da terceira filha pela primeira vez. Além dos sentimentos que as mães costumam sentir durante o parto, a moradora de Sapucaia do Sul estava completamente chocada. A gravidez havia sido descoberta pouco tempo antes do nascimento da menina.
Sem saber que estava grávida, Camila começou a sentir fortes dores abdominais pela manhã. À tarde, buscou atendimento na unidade de pronto atendimento (UPA) Sapucaia do Sul, mantida pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). Após chegar no local e passar pela triagem, descobriu que já estava em trabalho de parto.
— Eu fiquei em choque, né? Não estava planejando uma terceira filha. Quem sabe mais para frente. Mas se Deus mandou agora, tem algum propósito — relata Camila, que vive no bairro Boa Vista e já é mãe de duas meninas de 13 e 16 anos.
Gliberto Feller, médico emergencista da UPA, ficou responsável pelo caso. Segundo ele, Camila relatou que a barriga tinha aumentado de tamanho na última semana, mas que pensou que tivesse comido algo que havia feito mal. Apesar de a dona de casa ter dito que não estava grávida, Feller suspeitou da condição e pediu para fazer o toque vaginal, exame ginecológico.
— Quando eu fiz o toque, senti a cabeça da criança. Ela já estava em pleno trabalho de parto, não teria condições de mover ela para o hospital ou para qualquer outra região, teria que ser naquele momento ali. Expliquei para ela e para a mãe dela, que a acompanhava, o que estava acontecendo, e preparei o ambiente para fazer o parto — lembra.
Ele reforça que a UPA não é um lugar apropriado para a realização de um parto, uma vez que não conta com a infraestrutura e equipe necessária. Antes de iniciar o procedimento, o emergencista entrou em contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que confirmou que a criança precisaria nascer no local. Feller contou com a ajuda da médica Luciana Borges e da equipe de enfermagem.
— Essa criança já nasceu gritando, como se dissesse “eu cheguei ao mundo”. Ela chegou corada, com uma energia que poucas vezes eu vi. Isso é um milagre de Deus, que quis que fosse naquele momento, naquela hora e naquele local — afirma Feller.
O parto ocorreu tranquilo e sem complicações. Depois, cheias de saúde, as duas foram transferidas para o Hospital Municipal Getúlio Vargas, onde se recuperam do susto. Elas devem receber alta na quarta-feira (19).
Condição não é comum, alerta médico
Feller explica que o natural é que a gestante sinta os principais sinais da gravidez, como a pausa na menstruação e o aumento do tamanho da barriga, por exemplo. No caso de Camila, a barriga maior só foi percebida na semana anterior ao nascimento, tornando mais difícil a descoberta da gravidez.
— É fundamental para as mulheres fazerem o acompanhamento da saúde. Manter o histórico em dia, com o acompanhamento médico, fazer o preventivo, a mamografia e criar uma rotina médica. Com isso, elas vão poder perceber as mudanças no corpo e conversar com o médico de confiança — recomenda.
O médico ressalta que é importante descobrir com antecedência para que seja possível fazer o acompanhamento da saúde da mãe e do bebê ao longo da gravidez.
Como ajudar?
Pega de surpresa pela gravidez, Camila não tem nada preparado para a chegada da menina, que nasceu com 3,1kg e 49 centímetros. Elas ganharam um kit com algumas roupinhas e materiais de higiene da FHGV, mas ainda precisam de fraldas, carrinho, berço e mais peças de roupa.
Por isso, a dona de casa está recolhendo doações. Os interessados em ajudar podem mandar valores em dinheiro pela chave Pix 02640131079, em nome de Kassiane Czerwinski dos Santos, madrinha da bebê.