Internado em Brasília
Após cirurgia, Bolsonaro não tem previsão para deixar a UTI, informa equipe médica
Ex-presidente foi operado durante 11 horas para reconstruir a parede abdominal. Ele foi encaminhado a hospital da capital federal após passar mal em Natal, no Rio Grande do Norte

Após mais de 11 horas de cirurgia no intestino, o ex-presidente Jair Bolsonaro não tem previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), segundo a equipe médica, em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (14).
O procedimento, realizado no Hospital DF Star, em Brasília, foi finalizado na noite deste domingo (13).
— Todas as medidas preventivas estão sendo tomadas, ele está na UTI nesse momento. Vai ser um pós operatório complicado e prolongado. Não há previsão (de alta) da UTI — diz o médico cardiologista Leandro Echenique, que integra a equipe responsável pelos cuidados com o ex-presidente.
A cirurgia visava liberar aderências intestinais e reconstruir a parede abdominal. O procedimento precisou ser realizado por conta das múltiplas intervenções cirúrgicas aplicadas em Bolsonaro desde a facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.
Echenique pontua que não houve nenhuma complicação cirúrgica, mas que as 48 horas seguintes ao pós-operatório são importantes para que o ex-presidente se recupere de maneira saudável. O cardiologista salienta que Bolsonaro passou uma sedação profunda, mas está acordado e até já fez "algumas piadinhas" com a equipe médica.
— Não houve nenhuma complicação, realmente foi o que era esperado. Um procedimento muito complexo. Agora nos cuidados pós-operatórios, quando há um procedimento muito prolongado como esse, o organismo do paciente acaba tendo uma resposta inflamatória muito importante, fica muito inflamado.
Michelle anunciou conclusão da cirurgia
O anúncio foi feito pela esposa do ex-presidente, Michelle, que comemorou o resultado em suas redes sociais na noite de domingo.
"Cirurgia concluída com sucesso! A Deus, toda honra e toda glória! Estou indo agora para a sala de extubação, onde poderei vê-lo. Em breve, os médicos darão uma coletiva com mais informações. Meu coração transborda de gratidão a cada um de vocês que tem orado, enviado mensagens e intercedido pelo meu amor. Obrigada por estarem conosco nesse momento tão delicado. Seguimos firmes, com fé e esperança!", escreveu.
Como foi a internação
O ex-presidente foi internado na sexta-feira após sentir fortes dores intestinais enquanto cumpria agendas no Nordeste. Na noite de sábado (12), foi transferido do Hospital Rio Grande, em Natal, para o Hospital DF Star, no Distrito Federal, onde constatou-se a persistência do quadro de suboclusão intestinal. A obstrução intestinal impede ou reduz significativamente a passagem de alimentos, líquidos, secreções digestivas e gases pelo intestino.
Cláudio Birolini, cirurgião geral que acompanha Bolsonaro, explicou no sábado que a suboclusão intestinal é comum em pacientes submetidos a várias cirurgias, como é o caso do ex-presidente. Segundo ele, na maioria dos casos, o quadro é revertido com medidas clínicas, como jejum, descompressão gástrica com sonda e hidratação parenteral. Nos episódios anteriores, a recuperação foi rápida. Desta vez, porém, foi necessária uma intervenção cirúrgica.
Conforme Birolini, a decisão pela cirurgia decorreu da elevação dos marcadores de inflamação (PCR) apresentados pelo ex-presidente. O índice saudável é abaixo de um, mas Bolsonaro chegou a atingir 150, informa o cirurgião.
Não foi culpa do pastel com caldo de cana
Birolini afirma que o quadro atual do ex-presidente ainda é impacto da facada sofrida em 2018. Ele afasta a possibilidade de haver relação com a alimentação de Bolsonaro, ou com "o fato dele comer pastel com caldo de cana".
— Nós não conseguimos identicar nenhum tipo de alimentação que pudesse ter desencadeado o quadro atual. Uma alimentação muito cheia de fibras e salada, casca de fruta, casca de camarão, pipoca, isso pode realmente desencadear um quadro suboclusivo num paciente com predisposição existente. No momento atual, nós não identificamos nada. O fato dele comer pastel com caldo de cana não afeta isso aí.
Recuperação
A equipe médica informou que Bolsonaro deverá utilizar uma cinta abdominal pelos próximos três meses. Birolini afirma que vai tentar "segurar" o ex-presidente, mas reconhece que Bolsonaro tem uma agenda cheia de compromissos e deixou em aberto a possibilidade de viagens.
A expectativa da equipe médica é que o padrão de vida de Jair Bolsonaro seja superior ao pré-operatório, com restrições apenas nestes momentos iniciais de recuperação.
— A expectativa é que ele volte a ter uma padrão de vida melhor, se alimentar melhor. E a nossa expectativa é que seja sem restrições, exceto agora no pós-operatório imediato, nesses próximos três meses que precisa conter a parede abdominal com cinta.