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Sinal de alerta

Calcule o risco de desenvolver diabetes e quais cuidados para evitar a doença

O pré-diabetes antecede o tipo 2 da patologia e ainda é pouco conhecido pela população; endocrinologistas apontam que estágio merece atenção

30/04/2025 - 16h42min

Atualizada em: 30/04/2025 - 16h42min


Zero Hora
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Piman Khrutmuang/stock.adobe.com
Pré-diabetes se caracteriza quando os níveis de glicemia no sangue ficam entre 100 mg/dL a 125 mg/dL.

Estima-se que cerca de 11% da população brasileira adulta tenha o diagnóstico de diabetes. Deste percentual, a maioria tem o tipo 2 da doença. No entanto, um quantitativo ainda desconhecido no país é a prevalência do pré-diabetes, um estágio anterior à patologia, mas que já impõe riscos à saúde.

De acordo com o endocrinologista Luciano Giancaglia, coordenador do departamento de Diabetes tipo 2 e Pré-Diabetes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), é possível que 22% da população tenha pré-diabetes.

O que é o pré-diabetes?

O pré-diabetes acende um alerta para uma alteração no funcionamento do pâncreas — órgão responsável pela produção da insulina. Esse é o estágio para que o paciente saiba que ele virá a ter o diabetes tipo 2, caso não mude seus hábitos de vida.

Qual o seu risco de desenvolver diabetes tipo 2?

Pré-diabetes já é um sinal de alerta

Enquanto o diabetes é identificado pelas taxas de glicemia no sangue acima de 126 mg/dL, os níveis do pré-diabetes ficam entre 100 mg/dL a 125 mg/dL. Segundo a médica Melissa Barcellos Azevedo, chefe do serviço de Endocrinologia do Hospital Mãe de Deus, de Porto Alegre, a condição é considerada um sinal de alerta, uma vez que já indica um quadro de resistência à insulina.

— O pré-diabetes está dentro de todo um quadro que é subclínico, assintomático e que é a fase mais inicial de processos vão levar no futuro ao diabetes, ao infarto, à doença hepática do fígado, à insuficiência renal e que vai comprometer o próprio pâncreas — destaca a especialista.

O médico Luciano Giancaglia, da SBD, diz que o pré-diabetes é silencioso. Ainda assim, a pessoa fica sujeita à complicações que seriam típicas do diabetes tipo 2, como algum grau de comprometimento da retina, do rim, dos nervos e também das artérias.

— Hoje se sabe que, quando o sujeito tem o diagnóstico de diabetes, ele já perdeu 50% da função das células beta que produzem insulina. No caso do pré-diabetes, o individuo perdeu algo em torno de 20% a 30% da função das células e grande parte dessa função não se reverte — diz.

O que é diabetes?

O diabetes é uma doença crônica que se caracteriza pela incapacidade do corpo de produzir ou utilizar corretamente a insulina, hormônio responsável por regular os níveis de açúcar no sague. A partir disso, a falta ou a resistência à insulina resulta em níveis elevados da substância.  

— O diabetes é o comprometimento das células do pâncreas, não é o excesso de açúcar no sangue. O açúcar alto no sangue nos diz que esse pâncreas possui uma falha de funcionamento — destaca o médico Luciano Giancaglia.

O diagnóstico é feito a partir exames laboratoriais, que incluem a medição da glicose em jejum, a dosagem da hemoglobina glicada ou o teste de tolerância à glicose oral. Ao quantificar os níveis de glicose em jejum, por exemplo, há números de referência: 

  • Índices normais: 70 a 99 mg/dL (miligramas por decilitro)
  • Pré-diabetes: 100 a 125 mg/dL
  • Diabetes: 126 mg/dL ou mais

Outra forma de avaliar é pela hemoglobina glicada:

  • Índices normais:  até 5,6%
  • Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%
  • Diabetes: acima de 6,5%

Tipos de diabetes mais comuns

  • Diabetes tipo 1: é uma doença crônica não transmissível, hereditária. Aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticada em adultos também
  • Diabetes tipo 2:  é uma doença metabólica crônica caracterizada pela resistência à insulina e aumento dos níveis de açúcar no sangue. Está associada ao sedentarismo, obesidade e hipertensão
  • Diabetes gestacional: ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2 
  • Diabetes Latente Autoimune do Adulto (LADA): é uma condição que acomete os adultos e caracteriza-se pela destruição de células pancreáticas devido ao desenvolvimento de um processo autoimune do organismo
  • Pré-diabetes: ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não estão elevados o suficiente para caracterizar o diabetes. Quando as mudanças no estilo de vida não forem o suficiente para normalizar a glicose ou quando existe uma alta chance de evoluir para o diabetes tipo 2, há indicação para tratamento com medicamento 

*Fonte: Ministério da Saúde

Fatores de risco para o diabetes tipo 2

O diabetes tipo 2 é uma doença multifatorial. Além do histórico familiar, outras situações podem aumentar o risco para o desenvolvimento da condição, como idade, obesidade, circunferência abdominal e sedentarismo. 

Há ainda o histórico de doenças cardiovasculares, as taxas elevadas de colesterol e triglicerídeos, o tabagismo, a diabetes gestacional, a síndrome de ovários policísticos, o uso de medicamentos da classe dos glicocorticóides, entre outros.

Tratamento

Após o diagnóstico, o tratamento envolve mudanças no estilo de vida, com a adoção de hábitos mais saudáveis, além de intervenção medicamentosa.

— Não existe cura, existe controle de fatores de risco. O objetivo é voltar a apresentar uma glicemia normal e isso vai depender de como o meu organismo responde a essas medidas. As doenças precisam ser evitadas — adiciona a endocrinologista Melissa Barcellos Azevedo.

Prevenção

Conforme Luciano Giancaglia, da SBD, o pilar da prevenção do diabetes tipo 2 é a mudança de estilo de vida, o que inclui alimentação saudável e atividade física regular. Outras questões são importantes como saúde mental e qualidade do sono.

O especialista ainda reflete que a conscientização deve começar desde a infância. Decisões e atitudes ao longo da vida podem ser determinantes para essas doenças.

É recomendado também que as pessoas realizem acompanhamento regular para averiguar os níveis de açúcar no sangue. Giancaglia destaca algumas orientações:

  • Pessoas acima dos 35 anos devem realizar exames de sangue, pelo menos, uma vez por ano
  • Pessoas com menos de 35 devem realizar exames de sangue, pelo menos, uma vez ao ano quando possuem algum fator de risco
  • Pessoas consideradas de alto risco podem ser orientadas a abreviar a periodicidade da coleta para seis meses, quando o resultado costuma dar dentro da normalidade

* Produção: Carol Dill




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