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Situação de emergência

Com surto de dengue, Viamão já recebe pacientes em hospital de campanha

Espaço, que fica ao lado da UPA da cidade, funcionará 24 horas por dia por um período de 30 a 60 dias, a depender da demanda

06/04/2025 - 18h22min

Atualizada em: 06/04/2025 - 18h22min


Isabella Sander
Isabella Sander
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O hospital de campanha montado para reforçar o atendimento de casos de suspeita de dengue em moradores de Viamão, na Região Metropolitana, passou a receber pacientes no início da tarde deste sábado (5). 

A estrutura, montada pelo Exército brasileiro, abriu as portas por volta das 12h30min, após enfrentar dificuldades com o sistema de prontuários.

O espaço foi instalado na parte de trás da Unidade de Pronto-atendimento (UPA) Viamão, que fica na Avenida Senador Salgado Filho. O local funcionará 24 horas por dia por um período de 30 a 60 dias, a depender da demanda. A prefeitura estima que haverá um pico no número de casos em cerca de duas semanas.

— Temos previsão de um aumento de casos até a Páscoa e, depois, começa a cair. Por isso, com certeza teremos a necessidade de manter o hospital de campanha pelo menos nos próximos 30 dias — afirma a secretária de Saúde de Viamão, Michele Galvão.

A estrutura tem capacidade para atender 30 pessoas simultaneamente. Quando chega, o usuário é recebido na própria UPA. Caso o relato de seus sintomas sinalize suspeita de dengue, um técnico de enfermagem abre um prontuário e encaminha o paciente para o hospital de campanha, nomeado Centro de Hidratação.

Lá, são verificados os sinais vitais, e a pessoa é enquadrada no grupo A, B, C ou D, a depender da gravidade e do tipo de sintomas que manifesta. A hidratação, então, é iniciada, e é feita a coleta de material para exames. Com os resultados em mãos, o paciente é encaminhado ao médico, para ser definida a conduta adotada.

Atenção aos sintomas

Uma das primeiras atendidas foi Beloni Barros dos Santos, 62 anos, que sente sintomas como calafrios, diarreia, dor nas pernas e uma forte dor de cabeça desde a semana retrasada. A cabeleireira chegou ao hospital de campanha já com o diagnóstico de dengue, mas o médico a orientou a procurar o serviço para ser acompanhada.

Não estou melhorando. Eu só durmo: fico numa soneira só. É horrível isso aí. Quem ainda não pegou, por favor, não pegue — recomenda Beloni, que disse só ter se sentido tão mal assim na vida quando contraiu covid-19.

Já Rosane Davi Pereira, 46 anos, ainda não sabia o que tinha. Os sintomas eram variados: dor de cabeça, no estômago, no corpo, mas também secreção e tosse. Como mora em uma área com muita vegetação e, portanto, muitos mosquitos, achou melhor buscar atendimento para tentar descartar dengue.

— Estou há uma semana assim, e trabalhando com crianças, porque sou professora. Aí hoje, que é sábado, resolvi vir — relata a docente.

Apesar do problema no sistema de informática da estrutura, nenhuma das duas pacientes precisou esperar muito para ser atendida.

Hidratação é a principal medida

Além do hospital de campanha, duas unidades de saúde das regiões com mais casos registrados na cidade — Augusta Meneguine e Santa Isabel — atendem casos de suspeita de dengue neste sábado até as 18h. No domingo (6), das 8h às 18h, a Augusta Meneguine também estará aberta.

Ampliamos o atendimento para não sobrecarregar a UPA do hospital, mas também porque o paciente que é do grupo de classificação B precisa ser avaliado a cada 24 horas. Esses pontos de atendimento são para que o paciente procure o serviço, a gente possa reavaliar, coletar exames e tudo o que fazemos aqui no Centro de Hidratação — afirma Michele.

A secretária destaca que "não se precisa perder nenhuma vida por conta da dengue", mas que, muitas vezes, as pessoas acessam tardiamente o serviço de saúde e iniciam a hidratação muito tarde, quando já há alguma complicação em seu quadro. 

A hidratação é a principal medida de tratamento da doença, que pode causar a perda de líquidos.

Viamão vive um surto de casos de dengue que se intensificou nas últimas semanas: se, no dia 21 de março, havia 595 registros da doença no município, o número saltou para 1.409 em 4 de abril. A situação fez com que a prefeitura publicasse um decreto de emergência na semana passada.


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