DG 25 anos
Desde 2000: três gerações compartilham seus hábitos de leitura do DG
Leitores de diferentes idades compartilham sua relação com o Diário Gaúcho e as transformações por que passaram nesse quarto de século


Na primeira vez que o DG foi às bancas, há exatos 25 anos, o mundo era outro. Fazia quase seis anos que o real estava em circulação no Brasil e um dólar custava R$ 1,68. A novela Terra Nostra dominava a telinha da Globo e o Jornal Nacional era apresentado por William Bonner e Fátima Bernardes. No ano anterior, fora lançado o celular Nokia 3210, com 16 botões, 151 gramas e uma bateria que demorava quatro horas para carregar. As funções iam pouco além de fazer ligações, com três joguinhos e a possibilidade de os usuários comporem um toque próprio.
As transformações pelas quais o mundo passou nessas duas décadas e meia foram acompanhadas de perto pelo DG, principalmente aquelas que mais interessavam seus leitores. Fosse o aumento de preços dos alimentos, as receitas ou o buraco na rua, nosso público teve nas páginas do jornal um aliado de primeira hora.
Neste aniversário de um quarto de século, o DG convidou três personagens que simbolizam essa história. Eles mantêm o hábito de leitura do jornal mesmo depois de tantas mudanças. São gerações compartilhando suas histórias com o jornal, suas seções preferidas e comentando as transformações do mundo.
João quer estar bem informado

Nascido em Cruz Alta, no noroeste do Estado, João da Silva cursou apenas o primário. Veio para Canoas ainda menor de idade, transferido pela empresa de móveis onde trabalhava.
— Minha mãe teve até que fazer uma autorização para eu poder me mudar — relembra.
Todos os dias, ao meio-dia, quem passa pela estofaria que mantém há 42 anos na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, encontra João sentado lendo o “Diarinho”. O apelido faz menção à primeira característica que gosta da publicação: o tamanho e a leveza do jornal.
O hábito começou há cerca de 15 anos, quando conheceu o DG. Hoje, aos 81 anos, ele quer estar sempre bem informado para não ficar neutro. Sem a companhia diária da informação, diz, fica difícil interagir socialmente.
— Se tu não está bem informado, tu vê os outros falando e não sabe o que está acontecendo. E assim, pelo menos, eu tenho alimento para saber das coisas — resume.
Ele não usa redes sociais, mas nota os impactos das tecnologias digitais até no conteúdo publicado no impresso. No passado, lembra, uma notícia demorava a circular e aparecer no jornal. Atualmente, as novas formas de comunicação agilizam esse processo.
— Hoje, tudo é rápido. Tu fica sabendo logo que acontecem as coisas pelo jornal mesmo — define.
Rosicleia e as receitas

A campanha para escolher o nome do futuro jornal popular teve mais de 500 mil votos. Um deles foi de Rosicleia da Silva Pereira, 53 anos, que preferia o nome Diário Gaúcho. Logo de cara, a promoção sorteou um carro entre os votantes e deu o tom da interação que se manteria nos anos seguintes entre o jornal e os leitores.
— Eu lembro que passou na televisão a campanha para escolher o nome do jornal. Eu participei e com certeza foi a melhor de todas as opções — conta a confeiteira.
Leitora fiel desde o início do jornal, Rosy conta que já colecionou muitos kits do Junte & Ganhe. Porém, desde que se mudou para um sítio, no interior de Gravataí, ela tem mais dificuldade de juntar os 70 selos. Mesmo assim, continua comprando quando pode.
Confeiteira há quase 30 anos, ela nunca fez um curso formal. Tudo que sabe de cozinha aprendeu na prática e com aliados entre os leitores do DG. As Receitas do Leitor, que colecionava, a ajudaram a criar e desenvolver seus pratos.
— Gosto do jornal impresso e faço coleção de receitas lá em casa. Aprendi a fazer muita coisa e tive muitas ideias com as receitas de leitores — explica Rosy.
Rosicleia conta que o DG tem um papel fundamental na sua aprendizagem do mundo.
— Eu estudei só até a 4ª série, porque tive que trabalhar. Tudo que eu sei hoje, eu aprendi na vida e pela leitura de jornal — diz ela.
Lucas e as redes sociais

Diferente de João e Rosicleia, Lucas Franco, 28 anos, de Canoas, tem outra relação com o DG. Das cruzadinhas com as quais se alfabetizou às páginas de esporte que viraram sua paixão, o jovem deu sentido ao mundo com a ajuda do jornal.
— Eu me lembro de ler o DG desde sempre. Meu avô era cobrador de ônibus e todos os dias ele voltava para casa de tarde com o Diário Gaúcho. Eu esperava por ele depois da creche ou da escola para fazer as cruzadinhas e ler as piadas. Foi assim que aprendi a juntar o B com o A — relembra o leitor.
Lucas trabalha como editor de vídeos freelancer. No ano passado, ele decidiu unir seus conhecimentos profissionais com o carinho que tem pelo DG. Em seu perfil do Instagram (@ofrancolucas), publicou algumas produções curtas lendo trechos de notícias que mais chamavam sua atenção. Os vídeos são gravados por hobby mesmo, sem pretensões. Mesmo assim, a repercussão foi grande entre seus seguidores.
— Escolhi o DG porque é o mais acessível e o jornal que mais tenho uma lembrança afetiva — conta.
As gravações são feitas no quintal de casa mesmo. Ele se senta em uma cadeira de praia diante da câmera e troca ideia com sua namorada sobre os destaques do dia. Para Lucas, essa foi uma forma de reforçar a importância da informação de qualidade.
Para homenagear o 25º aniversário do Diário Gaúcho, o jornal realizou três reportagens especiais, incluindo essa. Um empresário que conseguiu seu primeiro emprego pelo jornal e o leitor que guarda todas as edições do dia do seu aniversário são as outras duas partes. Clique nos links para ler as matérias.
*Produção: Guilherme Freling