Seu Problema É Nosso
"É muito difícil ver ela sofrer", diz marido de paciente que está a espera de medicamento
Portadora da Síndrome Hemolítico-Urêmica Atípica (SHUa), que afeta os rins, Suellen de Souza Vargas está há mais de um ano na luta por remédio que pode ajudar em seu tratamento


Há cerca de oito anos, a esposa de Isaque Ramos, Suellen de Souza Vargas, 28 anos, vem enfrentando a luta contra a Síndrome Hemolítico-Urêmica Atípica (SHUa). A doença compromete a função dos rins e pode ser causada por uma infecção bacteriana. Moradores de Novo Hamburgo, o casal está há mais de um ano na luta pela liberação de um medicamento, que segundo os médicos, irá auxiliar Suellen no tratamento da enfermidade.
A descoberta da doença foi em um dia rotineiro. Enquanto estava trabalhando, Suellen começou a passar mal, e após inchaços em seu corpo apareceram. Por meio de exames, foi constatada a necessidade da realização de hemodiálise, pois o funcionamento dos rins já estava muito comprometido.
Com isso, as sessões de hemodiálise tomaram conta da vida do casal. As idas e vindas ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), onde Suellen realiza o procedimento, foram cada vez mais recorrentes.
Após quatro anos, ainda com pouca evolução no quadro de Suellen, outro tipo de tratamento começou a ser realizado. A diálise peritoneal, que pode ser feita em casa, para reduzir a quantidade de viagens, e assim, poder dar um pouco de conforto à paciente.
Logo após a primeira internação, Suellen entrou na fila de transplante de rim. Foram sete anos de espera. Apenas em janeiro do ano passado a cirurgia foi realizada.
Angústia
Entretanto, um mês após o procedimento, a doença se manifestou novamente, comprometendo o novo órgão. A partir dessa situação, novos exames foram realizados, e por meio de pesquisas, um medicamento foi encontrado. Segundo os médicos, o remédio Eculizimabe ajudaria a controlar o avanço da doença, e assim, a possibilidade de realizar outro transplante.
A angústia é por causa do valor do remédio. Cada dose custa R$ 50 mil, e no primeiro mês de uso, Suellen necessita de 12 doses, para se adaptar com o fármaco.
Em abril do ano passado, Isaque entrou com um pedido de compra do medicamento pela farmácia do município de Novo Hamburgo. Laudos médicos foram apresentados, mostrando a necessidade e a urgência para que a paciente começasse o tratamento. Mesmo assim, o pedido foi negado. Nessa situação, Isaque entrou na Justiça para que o custo do medicamento fosse disponibilizado pelo Estado.
Judicialmente, a causa foi ganha e o remédio estaria disponível para retirada. Mas não foi o que Isaque relatou:
— Eu fui retirar o medicamento, mas só tinha uma dose disponível, não adiantaria nada.
Luta continua
Na última semana, Suellen retornou ao Hospital de Clínicas devido a uma infecção, mas recebeu alta no sábado, para continuar seu tratamento em casa. Além disso, outra cirurgia foi realizada ontem para a colocação de um cateter na barriga, para poder voltar a fazer a hemodiálise em casa.
— Quando ela faz hemodiálise, ela cansa muito, dá náuseas, dores de cabeça e tontura. É muito difícil ver ela sofrer — desabafa Isaque.
E ainda enfatiza a necessidade do remédio:
— Com esse medicamento ela vai poder fazer o transplante de rim e viver melhor, com saúde.
O que diz a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul
Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) informou que, em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não pode fornecer dados sobre casos específicos a terceiros. Ressaltou ainda que, se o paciente entrou com pedido judicial ou administrativo, ele ou familiares podem acompanhar os trâmites e o andamento do pedido nos respectivos órgãos. O Diário Gaúcho seguirá acompanhando a situação.
Produção: Ana Júlia Santos