Bem que os autores da Globo poderiam escrever uma novela baseada na previsão do tempo. Quer mais reviravoltas pra prender a atenção da audiência? Em vez de regravar Vale Tudo e ter que atualizar a trama para os dias de hoje, é só se inspirar na meteorologia e seus prognósticos. Sem querer generalizar mas já generalizando, a gente nunca sabe quando (e se) o previsto vai se concretizar. É tipo alerta da Defesa Civil: de tanta notificação, parece spam.

O que sempre tem nas novelas? Núcleos diferentes, protagonistas, vilões e dramas paralelos. Em vez de núcleo pobre e rico (já cansou), pensei nos núcleos capital, cidade da fronteira, litoral e serra - as agruras da previsão do tempo abalando todos por igual. O protagonista é um meteorologista em conflito, ele não acredita nas próprias previsões. O vilão? São Pedro seria muito óbvio. Pensei em dois gêmeos revoltadíssimos, El Niño e La Niña. Mas no fim revela que é o desmatamento.

Bueiros

Dramas paralelos? Tem pra infinitos capítulos. Falta de luz, alguém trancado no elevador, ruas alagadas, janelas voando, portão de garagem que não pode abrir, bueiros entupidos, árvores caindo, pessoas exaustas dessa ladainha. Talvez nem seja novela, um reality funciona melhor com depoimentos e fortes emoções. Lembrei de um ótimo filme argentino onde dá pra rir de tudo isso: Granizo, na Netflix. É sobre um meteorologista que nunca erra, jamais se engana, até que um dia o clima muda.

As águas de março que fecharam o verão fizeram bastante estrago. Seguiremos com trauma de chuva aqui no RS? A gente acompanha a previsão do tempo e já nem sabe o que pensar. Levar o guarda-chuva chega a ser ingenuidade, um bote ajudaria mais. Em algumas partes da cidade mal pinga, em outras chove e vira o caos. Os roteiristas poderiam equilibrar melhor. Olha, acho que ninguém assistiria a essa novela. Entretenimento zero, vida real demais. A seguir, os próximos capítulos.

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