Proibida na ditadura
UFRGS reinaugura placa em homenagem a Vladimir Herzog
Objeto em tributo ao jornalista, assassinado em 1975, foi recolocado em uma sala da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico), quase 50 anos após ser retirado do local

Há quase 50 anos, em 1975, era arrancada de uma sala da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) uma placa instalada por alunos da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) em homenagem a Vladimir Herzog. A peça foi reinaugurada nesta terça-feira (8), como tributo ao jornalista morto durante a ditadura naquele mesmo ano.
Com os dizeres "que nunca mais se repita", o objeto foi instalado durante solenidade que iniciou por volta das 8h da manhã desta terça-feira (8), com a presença de alunos e ex-estudantes da Fabico.
Em 1975, poucos dias após o assassinato do jornalista, em 25 de outubro, a peça foi instalada e ficou menos de 24 horas na parede da sala do então Diretório Acadêmico de Biblioteconomia e Comunicação, que receberia o nome de Herzog. A solenidade de inauguração, em 7 de novembro, foi cancelada por ordem da direção da faculdade.
Reinauguração
A ideia de reinstalar a placa em homenagem a Herzog surgiu de Márcia Turcato, jornalista e ex-aluna de Jornalismo da universidade.
— Percebi que poucas pessoas sabiam da existência do Vlado e dessa história que aconteceu na universidade. O pessoal mais velho sabia, mas os mais jovens, não. Houve um apagamento. Reunimos um grupo de jornalistas para discutir isso e ver como poderíamos homenagear o Vlado — explica.

A placa também possui arte do cartunista Neltair Rebés Abreu, o Santiago, e tem os dizeres:
Em 25 de outubro de 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi assassinado sob tortura nas dependências do Exército. Vlado defendia a democracia e combatia a ditadura. Em sua honra, os e as estudantes da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS deram seu nome à sala do diretório acadêmico. Na manhã seguinte, a placa foi arrancada pela direção da faculdade, a mando da ditadura. 50 anos depois estamos aqui novamente. Para que não se esqueça, para que nunca mais se repita. Ditadura nunca mais!
O jornalista morreu em São Paulo, em 25 de outubro de 1975. O Exército apontava suicídio por enforcamento. Em 2013, familiares de Vladimir Herzog receberam um novo atestado de óbito, que confirma como causa "lesões e maus-tratos" em interrogatório no Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).

Debate
A reinauguração foi realizada durante o evento “Vladimir Herzog 50 anos - Fabico presente!”, que marca a passagem do Dia do Jornalista, comemorado em 7 de abril.
Também foi realizado um debate sobre o papel de Herzog para a construção de um jornalismo comprometido com a democracia e os direitos humanos.