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"A tradição gaúcha é de todos os gaúchos", defende novo Peão Farroupilha

Leônidas Augusto da Silva foi escolhido no 36º Entrevero de Peões no final de abril. Aos 20 anos, ele representa o CPF Piá do Sul, de Santa Maria 

12/05/2025 - 13h11min

Atualizada em: 12/05/2025 - 13h20min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Deivis Bueno/Estampa da Tradição
As provas do concurso mediram os conhecimentos teóricos, artísticos e campeiros dos candidatos.

Representante do Centro de Pesquisas Folclóricas (CPF) Piá do Sul, de Santa Maria, na 16º Região Tradicionalista (RT), Leônidas Augusto da Silva é o 1º Peão Farroupilha da gestão 2025/2026. A escolha aconteceu no 36º Entrevero e Peões ocorrido no final de abril.

Aos 20 anos, ele será o representante do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) ao longo do ano e quer deixar um legado de aproximação com a juventude.  

Leônidas é estudante de Engenharia Civil na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e iniciou sua trajetória no tradicionalismo aos três anos no Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Carreteiros de Horizonte, de Horizontina. O atual Peão já foi 2º Piá (2015/2016) e 2º Guri (2021/2022). É o primeiro Peão a ter participado de gestões diferentes nas três categorias. Confira a entrevista: 

Como foi tua preparação até chegar neste título? 

Foi bastante intensa, porque eu precisava conciliar os estudos da faculdade com os do concurso. O Entrevero e a Ciranda de prendas é o que agrega todos os departamentos: o cultural, artístico e o campeiro. Exige muito dos candidatos.

Eu tenho por objetivo, junto da minha gestão, auxiliar o Movimento na valorização do jovem

LEÔNIDAS AUGUSTO DA SILVA

1º Peão Farroupilha do Movimento Tradicionalista

Como você se sente com esse título? 

É algo que eu desejava há muito tempo. É a primeira vez na história dos Entreveros que um candidato alcança essas três categorias. Eu me orgulho muito, porque não imaginava isso quando era piá.

Qual vai ser teu foco durante a gestão? 

Eu tenho por objetivo auxiliar o movimento na valorização do jovem. Trazer ele mais para dentro do movimento, entender mais da cultura gaúcha e fomentar essa valorização.

Qual é a importância desses cargos para o movimento tradicionalista e o Estado? 

Nós, enquanto gestão estadual, temos a obrigação de participar dos eventos promovidos pelo Movimento a nível estadual para auxiliar no desenvolvimento de novos jovens. 

A gestão estadual é um modelo para os jovens, não só da parte cultural, mas de todo o Movimento.

Como eu já fui Piá (Farroupilha), eu acredito que tenho o dever ainda maior de trabalhar com os menores, por entender a importância dessa atenção e cuidado nos primeiros anos de vida. É nessa fase que o jovem vai pegar o gosto pela cultura.  

Qual é tua história com o tradicionalismo? 

Minha entrada ocorreu quando eu tinha três anos e uma professora da escola, que participava do CTG Carreteiros de Horizonte (20ª RT) me convidou. 

Por isso, inclusive, acredito que o tradicionalismo deva estar inserido também na escola. Para muitas crianças, acaba sendo o primeiro contato com a nossa cultura.  

Eu tinha um amigo que tinha um crachá de Piazito do CTG e falei para minha mãe que queria declamar e ter (um crachá) também. Desde então participo dos concursos.  

Eu fui segundo Piá aos 10 anos e aquela foi a primeira gestão de Piás da história dos Entreveros. O primeiro ano que teve essa categoria a nível estadual, em 2015 e 2016. 

A tradição gaúcha é de todos os gaúchos

LEÔNIDAS AUGUSTO DA SILVA

1º Peão Farroupilha do Movimento Tradicionalista

Como foi a mudança de cidade e a tua permanência no tradicionalismo? 

Antes de vir para Santa Maria, quando eu soube que tinha passado na Universidade, já comecei a pensar em qual entidade iria representar. Nem pensei em parar de cultuar as tradições. O CPF (Piá do Sul) é uma das entidades mais conhecidas, é tetracampeão do Enart (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha).

Qual é o sentido de um movimento tradicionalista ainda hoje?  

O movimento surgiu como forma de preservar uma cultura que tava sendo esquecida, costumes que estavam sendo transpassados por outras culturas e por influência estrangeira. As pessoas que iniciaram o movimento tinham como principal intuito o resgate do autêntico gaúcho, do gaúcho de campo, do gaúcho que cuidava lá das invernadas e dos hábitos mais simples. 

Como Peão do Rio Grande do Sul, nosso objetivo é continuar esse legado, não só dos ex-Peões, mas dessas pessoas que acreditaram e sonharam com essa realidade da nossa cultura. Nós, gaúchos, somos muito bairristas. A gente canta com muito orgulho que é gaúcho e que nós temos uma cultura forte, que a gente preserva. 

Por vezes, o MTG é alvo de críticas por ter um foco excessivo em regras e ser avesso a mudanças. O que você pensa sobre isso? 

O movimento em causa, em ideia, em ideologias, em filosofia é muito bom. Ensina valores como respeito a autoridade, respeito aos mais velhos, saber se portar em público, são valores são mais rígidos no movimento e que estão na Carta de Princípios. Também tem valores como igualdade, liberdade, auxiliar o Estado, que eu acho que são bons. Mas talvez a prática por algumas pessoas não (seja) tanto.  

Eu acredito que as questões podem ser debatidas, porque o movimento ele também é um reflexo da sociedade. Eu defendo que a tradição gaúcha é de todos os gaúchos. O movimento precisa ser integrador, ele tem o dever de agregar o máximo de pessoas possível.  

Hoje, por exemplo, tem pouquíssimas pessoas negras, concorrendo nos Entreveros e Cirandas. Há pessoas negras, mas elas são poucas proporcionalmente. Enquanto juventude, enquanto liderança jovem, eu acredito que a gente tem que ter o movimento que agregue a todos que estão lutando pela causa tradicionalista. Independente da cor, da religião e da classe social

Confira os demais resultados

Piás 

\\\ 1º Rodrigo Frohlich — CTG Querência de Nova Hartz, de Nova Hartz (30ª RT) 

\\\ 2º Artur Ceratto — CTG Querência do Prata, de Nova Prata (11ª RT) 

\\\ 3ª Heitor Longaray — CTG Província de São Pedro, de Tapes (16ª RT) 

Guris

\\\ 1º Augusto Antoniolli — CTG Retorno à Querência, de Nova Prata (11ª RT) 

\\\ 2º Filipe Pereira — CTG Rodeio dos Palmares, de Santa Vitória do Palmar (6ª RT) 

\\\ 3º Luis Fiorin — CTG Sentinela do Rio Grande, de Independência (20ª RT) 

Peões

\\\ 1º Leônidas da Silva — CPF Piá do Sul, de Santa Maria (13ª RT) 

\\\ 2º Matteo Felini — DT do Clube Recreativo Juvenil, de Passo Fundo (7ª RT) 

\\\ 3º Facundo Castellanos — CTG Querência do Chuí, de Chuí (6ª RT) 

*Produção: Guilherme Freling



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