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"É um resgate da história do povo africano", diz Kanhanga, idealizador da Semana da África

Projeto pensado para promover atividades sobre a comunidade africana ocorre neste sábado, no Museu da Cultura Hip Hop, em Porto Alegre

22/05/2025 - 05h00min

Atualizada em: 22/05/2025 - 05h01min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Sofia Garcia/Divulgação
A entrada é gratuita e as atividades terão início às 15h.

Neste sábado, o Museu da Cultura Hip Hop RS, em Porto Alegre, recebe a Semana da África, evento que tem o objetivo de celebrar a cultura africana em diferentes municípios do Estado. Depois de passar por Alvorada e Esteio, a programação, agora em Porto Alegre, conta com apresentações de dança, oficinas, rodas de conversa e pratos típicos que proporcionam conhecer mais sobre essa cultura. A entrada é gratuita e as atividades terão início às 15h.

A partir de um edital da Secretaria Estadual da Cultura, o projeto foi idealizado pelo produtor cultural Kanhanga, 42 anos, angolano que há mais de duas décadas atua realizando eventos e iniciativas que proporcionem conhecimentos sobre o continente.

Atualmente, são cerca de 30 pessoas envolvidas na organização do evento, em sua maioria, imigrantes africanos que residem no Rio Grande do Sul. 

— É um evento que promove o intercâmbio cultural e gastronômico, com apresentações musicais, danças, degustações de comidas típicas, exposições de arte e outras atividades — explica o produtor.

A proposta da iniciativa é fortalecer a valorização dos movimentos culturais africanos presentes no território gaúcho e, assim, divulgar as produções artísticas que são realizadas.

— O evento faz um resgate da história do povo africano para muitas pessoas negras daqui do Estado — ressalta Kanhanga.

Oficinas

Eunice Lopes, 27 anos, também é uma das organizadoras da Semana da África e é responsável pela apresentação das oficinas e atividades artísticas. 

Morando há sete anos na Capital, a angolana chegou ao Estado para estudar, mas acabou se estabelecendo por mais tempo. Agora, formada em Fisioterapia e com um salão de beleza especializado em tranças, pretende atuar nos dois ramos.

Ao todo, serão quatro oficinas: tranças, pinturas e turbantes, exposição de arte e degustação de comidas típicas africanas. Um dos pratos apresentados será o Calulú de Carne Seca, especialidade de Angola, feito pela chef Eliz Alejo. Para além desse momento, também serão realizadas rodas de conversas sobre temas da cultura africana e vivências dos imigrantes no Estado, promovendo um bate-papo com o público e com os organizadores.

Para Eunice, a Semana da África é um projeto muito importante:

— Poder trazer esse contexto mais cultural e abrangente ao público tem sido muito bom. A gente percebe que as pessoas aqui sabem pouco sobre a África, então essa troca que estamos tendo tem sido ótima.

Segundo Eunice, a expectativa é que, com mais recursos, o evento seja realizado em outros municípios. 

Mais sobre o berço da humanidade

Ministrando a oficina de turbantes africanos e pinturas faciais, a angolana Samara Yolanda, 30, reside em Porto Alegre há 10 anos, e, atualmente, trabalha na área da beleza. Estudante de Design de Moda, ela recebeu o convite para participar do evento a partir de sua tia, também organizadora da iniciativa:

— Eu já tinha muita vontade de participar da Semana da África, pois sendo africana não tem coisa melhor que espalhar a minha cultura pelo Brasil a fora. É muito importante e gratificante ver as pessoas fazendo perguntas e tendo curiosidades sobre a África, que é o berço da humanidade. 

Segundo a estudante, os turbantes e as pinturas representam simbolismos em muitas tribos africanas, além de refletir um símbolo de beleza, força e proteção da cabeça da mulher, que representa autoridade e respeito. 

África é mãe, é história, é ancestralidade, África vai muito além da cor e raça. E com esse evento, espero que as pessoas possam sentir isso e espalhar com alegria e conhecimento o que é o continente africano — reflete. 

Programação: 

/// O quê: evento Semana da África

/// Quando: sábado, a partir das 15h

/// Onde: Museu da Cultura Hip Hop RS (Rua Parque dos Nativos, 545), em Porto Alegre

* Produção: Ana Júlia Santos


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