Notícias



Já são porto-alegrenses

Família de capivaras adota Avenida Ipiranga como "lar" em Porto Alegre; veja quais cuidados a população deve tomar

Os sete animais vivem nas margens do Arroio Dilúvio, um dos trechos mais movimentados da Capital

29/05/2025 - 09h58min

Atualizada em: 29/05/2025 - 09h58min


Zero Hora
Enviar E-mail
Duda Fortes/Agencia RBS
Presença dos animais já virou rotina na Capital.

Um grupo de capivaras voltou a ser avistado na manhã desta quarta-feira (28), às margens do Arroio Dilúvio, na Avenida Ipiranga, uma das vias mais movimentadas de Porto Alegre.

A presença dos animais já se tornou rotineira na Capital. Segundo Tatiana Guerra, secretária da Causa Animal de Porto Alegre, trata-se de uma família de sete capivaras: um casal e cinco filhotes, que escolheram aquele trecho do arroio como "lar".

— Em dezembro, nós tivemos o primeiro relato de que havia uma capivara ali. Desde janeiro esse número aumentou. Então, a gente acredita que, em dezembro, seria a fêmea, a mãe. Agora existem a fêmea, os cinco filhotes e o macho — explica a secretária da pasta.

Os flagrantes chamam a atenção de quem vive na cidade — e levantam dúvidas sobre como agir diante desses encontros com a fauna silvestre em áreas urbanas.

— A gente achou que fosse só ser passageiro, poderia ser uma visita dessa família e depois elas irem embora. Mas o que aconteceu foi que elas acabaram permanecendo ali — completa Tatiana.

Famílias silvestres em áreas urbanas: desafio à vista

Por enquanto, a prefeitura opta pelo monitoramento do grupo. Uma das decisões foi instalar sinalização indicando a presença de fauna nas proximidades do arroio. A ideia é alertar motoristas, ciclistas e pedestres.

— A partir daí, nós vamos começar a observar para ver qual será o comportamento. Se após os filhotes crescerem, se elas vão embora, se elas vão migrar dali, se elas vão permanecer no local. Por isso que é muito difícil a gente ficar dando resposta para as pessoas sobre o que vai ser feito com os animais — afirma a secretária.

Segundo ela, qualquer intervenção mais direta — como remoção ou translocação dos animais — exigiria estrutura especializada e respaldo técnico, já que se trata de fauna silvestre protegida por lei.

Cuidados ao se deparar com capivaras

  • Não alimentar os animais: a alimentação humana pode causar desequilíbrios de saúde e comportamento nas capivaras;
  • Não se aproximar: mantenha distância segura; os animais podem se assustar ou reagir de forma defensiva;
  • Não tentar afugentar ou capturar: isso pode configurar crime ambiental;
  • Manter animais na guia: evite que pets se aproximem das capivaras;
  • Em caso de risco ou ferimentos, acione a prefeitura: pelos canais 156 ou (51) 3289-7517.

As capivaras

As capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) são mamíferos roedores que vivem em grupos e costumam habitar margens de rios, lagos e banhados

De acordo com o setor de catalogação de fauna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), elas se alimentam de vegetação aquática, capim e gramíneas, e podem atingir até 75 quilos.

Com hábitos semiaquáticos e sociais, são vistas tanto durante o dia quanto à noite, especialmente em locais com água corrente ou espelhos d’água — características encontradas em boa parte dos parques de Porto Alegre.

O que fazer (e o que não fazer) ao avistar capivaras

De aparência pacífica e movimentação lenta, as capivaras costumam atrair a curiosidade de quem passa. Porém, a aproximação pode ser prejudicial — tanto para os humanos quanto para os próprios animais.

As capivaras são animais silvestres. Animais silvestres são protegidos por lei. Então, tem a Lei dos Crimes Ambientais que regula isso. As pessoas não podem alimentá-las, não devem se aproximar, porque a gente não sabe o comportamento de um animal silvestre quando ele estiver assustado ou se sentir ameaçado — alerta Tatiana.

A lei mencionada por ela é a nº 9.605, de 1998, que trata dos crimes ambientais e prevê sanções para quem interferir, capturar ou causar dano à fauna nativa.

Além disso, como lembra a veterinária, os animais já encontram alimento suficiente na vegetação nativa da orla e do arroio. Por isso, não há necessidade — e tampouco benefício — em oferecer comida.

— Elas já possuem ali os alimentos na orla que já são específicos, que são as gramíneas. São as plantas ali da várzea do arroio — destaca.

E os riscos de doença?

Apesar de parecerem inofensivas, capivaras podem ser hospedeiras do carrapato-estrela, vetor da febre maculosa. No entanto, segundo a Secretaria da Causa Animal, não há motivo para alarde em Porto Alegre, visto que a enfermidade não é comum no Sul.

— O carrapato-estrela pode ser o transmissor da febre maculosa. O Rio Grande do Sul, ainda por estarmos em uma zona abaixo do Trópico de Capricórnio, não é uma zona endêmica — esclarece.

Pet na guia

Outro cuidado importante envolve a presença de animais domésticos nas áreas com capivaras, como o Marinha. Passeios por parques ou pela Orla devem ser feitos sempre com os pets na guia.

— O cachorro, por exemplo, é a mesma orientação que as pessoas. Os animais silvestres, a gente não pode prever qual é o comportamento deles. Então, a gente tem que evitar interação com as pessoas e com os animais. Sempre manter a distância — disse Tatiana.

Governo e prefeitura discutem protocolo

Diante do crescimento de registros em áreas urbanas, a prefeitura e o governo estadual vão realizar, nesta quinta-feira (29), uma reunião técnica com participação da Secretaria do Meio Ambiente, Patrulha Ambiental da Brigada Militar (Patram), Gabinete da Causa Animal e gestores ambientais. 

A pauta central será a elaboração de um protocolo prático para o manejo de capivaras e outros animais silvestres em zonas urbanas.

Um dos focos será o que fazer quando houver formação de novos grupos ou nascimento de filhotes em áreas urbanas densamente ocupadas. Por enquanto, a convivência entre humanos e capivaras exige um gesto simples, mas fundamental: respeitar a distância.

— Os animais estão aí, eles vieram junto à orla, à população, e a gente tem que saber conviver entre a natureza e o ser humano — conclui Tatiana Guerra.

*Produção: Murilo Rodrigues


MAIS SOBRE

Últimas Notícias