A raiva é um combustível perigoso. Ela acelera nossos motores emocionais, e nem sempre temos freios para conter o volante de nossas ações. A raiva nos faz atropelar o bom senso. Quando isso acontece, geralmente tentamos encontrar uma justificativa para os danos que causamos, tratando-os como algo culposo – ou seja, sem intenção de causar mal –, e, por isso, acreditamos não sermos culpados.

Porém, assim como no Direito, existem agravantes que podem transformar uma ação culposa em dolosa – quando há intenção de causar dano –, exigindo que arquemos com as consequências.

No caso da raiva, por exemplo, se sabemos que, nesse estado, agimos por impulso, não devemos iniciar discussões ou tentar resolver situações delicadas nesse momento. Costumo comparar quem toma decisões movido pela raiva a alguém que dirige embriagado: ao atropelar alguém, essa pessoa assume o risco de machucar – ou até matar – alguém.

Assim como o álcool, a raiva distorce a realidade. Na hora da raiva, tudo ganha proporções maiores: erros antigos ressurgem como se fossem recentes, e nosso cérebro busca justificativas para atitudes que, em um estado de calma, não tomaríamos. Muitas vezes, usamos o orgulho como argumento, alegando que ele foi ferido.

Quando nos sentimos vítimas de uma injustiça, passamos a acreditar que temos o direito de agir fora dos nossos princípios – ou daquilo que dizemos acreditar. A raiva, como qualquer droga, vende uma solução rápida para um desconforto, mas não alerta que a ressaca das decisões tomadas nesse estado pode durar anos. Há quem se arrependa pelo resto da vida.

Minha dica: quando a raiva bater, evite usar o celular, fuja de lugares cheios e não tente resolver nada de imediato. Essas situações são gatilhos que podem nos levar a atitudes das quais nos arrependeremos depois.