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Papo Reto

Manoel Soares: Professores no limite

Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados 

24/05/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Manoel Soares/Arquivo Pessoal
Colunista reflete sobre a valorização dos profissionais de educação.

Os professores do Rio Grande do Sul estão à beira de um colapso. Embora essa seja uma realidade antiga, o cenário atual exige atenção redobrada. Após as tragédias que atingiram o Estado nos últimos anos, muitas dores e medos de crianças e adolescentes afloraram em sala de aula.

A questão é que, às vezes, esquecemos que os professores também são pessoas – afetadas física e emocionalmente pelas mesmas tragédias. Além de lidarem com os próprios sentimentos, precisam cuidar de mais de 40 corações confusos, cada um batendo em seu próprio ritmo.

São crianças e adolescentes que, muitas vezes, não sabem nomear o que sentem, muito menos expressar da maneira adequada. Explosões de agressividade, queda no rendimento escolar, crises emocionais, depressão, comportamentos opositores e desatenção são apenas alguns dos quadros enfrentados diariamente nas escolas.

Enquanto tentam dar conta de tudo isso, os professores ainda são pressionados a cumprir metas pedagógicas, índices de aprendizagem e taxas de aprovação – um verdadeiro ambiente de panela de pressão, prestes a explodir.

Obrigado

Nas escolas localizadas em periferias e bairros atingidos pelas enchentes, o desafio se agrava: faltam alimentação adequada, higiene e segurança, tornando o ambiente escolar ainda mais caótico.

Persistem também visões equivocadas por parte de muitas famílias. Há quem acredite que, ao cruzar o portão da escola, a responsabilidade sobre a criança passa a ser exclusivamente do professor – como se o aluno deixasse seus conflitos do lado de fora. E, quando surgem problemas, é comum que pais tomem partido dos filhos, sem considerar o lado do educador.

Se entrarmos na discussão sobre salário e valorização profissional, precisaríamos de, no mínimo, 10 páginas de jornal.

Fica aqui um pedido: na próxima vez que encontrar um professor, especialmente em uma segunda-feira, ofereça um abraço e diga apenas: obrigado.


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