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"Memórias que tinham virado entulho": casal afetado pela enchente ainda vive com marcas da tragédia no RS

Família residente da Vila Farrapos, na Capital, teve a casa submersa. O retorno ao endereço só foi possível após mutirão de limpeza organizado pela plataforma Meu Lar de Volta

06/05/2025 - 11h05min


Denzel Valiente
Denzel Valiente
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Denzel Valiente/Agencia RBS
O criador da plataforma Meu Lar de Volta retornou ao endereço da família pela primeira vez após a enchente.

O dia 2 de maio de 2024 marcou a vida da família Wagner Dann. Assim como outros milhares de gaúchos, eles precisaram deixar a casa onde moravam, na Vila Farrapos, em Porto Alegre, levando poucos pertences.

Assim que saiu de casa, o casal de aposentados Celso Dann e Rosaura Wagner foi recebido pela filha Michelle Wagner, no bairro Humaitá. O que a família não esperava era que, poucos dias depois, a água também chegaria ao local. Foi quando precisaram passar por um segundo resgate.

Sem conseguir acessar ou ter notícias da casa na Vila Farrapos por cerca de um mês, o retorno à residência só ocorreu quando a água baixou.

— A gente não conseguia entrar em casa porque estava tudo (o entulho) trancando as portas. Eu reuni uns familiares para tirarmos algumas coisas de casa. Era um bairro virado em entulho. Eram memórias que tinham virado entulho — relembra a filha do casal.

Meu Lar De Volta

Passados os momentos mais críticos da enchente, a família ainda precisava unir forças para fazer a limpeza e remobiliar o imóvel. Foi quando a história deles cruzou com a dos voluntários do Meu Lar De Volta.

O projeto nasceu a partir de uma ideia de Felipe Menezes. Especialista em inovação e tecnologias, ele criou uma plataforma para angariar voluntários para faxinas em locais atingidos pela enchente. Com o apoio dos amigos Felipe Machado, Gabriel Hipólito e Fábio Borges, a primeira versão da plataforma foi ao ar em 24 horas.

— As faxinas aconteceram no Estado inteiro. A gente teve cerca de 20 mil voluntários cadastrados. Pessoas do Brasil inteiro e até de fora do país. A gente estima que tenha limpado uns 25 mil lares — conta o cofundador da plataforma que segue no ar e acabou adquirida pelo Vakinha.

O grupo de voluntários, em conjunto com equipe do Exército, fez a limpeza da casa da família. Na época, o mutirão que passou por várias moradias da região ficou conhecido como "a maior faxina da história".

Um ano após o evento histórico, Celso e Rosaura voltaram a morar no local. Com doações de móveis e roupas e com o apoio de familiares e amigos, eles conseguiram recuperar o lar. Em meio a algumas marcas deixadas pela enchente, a família escreve uma nova história no mesmo endereço. 



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