Direto da Redação
Michele Pradella: "Vale a pena ser honesto?"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano


Há 37 anos, a primeira versão de Vale Tudo levantava uma questão incômoda: "vale a pena ser honesto no Brasil?". A novela que marcou a história da dramaturgia voltou ao ar repaginada, mas o questionamento é o mesmo. Será que, em quase quatro décadas, o país mudou muito?
A tecnologia evoluiu, a moda lançou novas tendências, os ídolos e o contexto histórico são outros. No entanto, a adaptação de Manuela Dias continua colocando em xeque a honestidade, e muito além de uma polarização entre o bem e o mal, estão discussões sobre os limites da ambição, da vontade de subir na vida. E se, em 1988, Maria de Fátima e Odete Roitman eram consideradas vilãs desde as primeiras cenas, o remake praticamente inocenta a dupla.
Nas redes sociais, Odete (Débora Bloch) é endeusada pelos telespectadores, e o que era crueldade anos atrás, agora é digno de aplausos. A personagem "só diz verdades", "nunca errou", é "loba" e até "sensata", para alguns. Maria de Fátima (Bella Campos) é elogiada por suas armações e obstinação em conquistar Afonso (Humberto Carrão). Mudaram elas ou mudamos nós?
Devolveriam?
A polêmica da vez é o destino dos dólares encontrados na mala que todos achavam ser de Rubinho (Julio Andrade). Ivan (Renato Góes) e Raquel (Taís Araujo) se depararam com os dólares pertencentes a Marco Aurélio (Alexandre Nero). Sem saber a origem do dinheiro, o casal tem opiniões divergentes. Ivan quer ficar com a grana e melhorar de vida, já Raquel é taxativa em dizer que o certo é entregar tudo à polícia. Quem comenta a novela na internet se diz irritado com o "excesso de honestidade" de Raquel e até a chama de burra por não querer ficar com o que não é seu. Honestidade tem limite? É burrice fazer o que é certo? E aí, o que vocês fariam se encontrassem esse milhão de dólares?