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Operação Fim do Silêncio

Polícia prende suspeitos de torturar e cometer crimes sexuais contra crianças e adolescentes na Região Metropolitana

Ofensiva cumpriu nove mandados de prisão em Canoas e Gravataí

29/05/2025 - 12h43min

Atualizada em: 29/05/2025 - 12h44min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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Lucas Abati
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A Polícia Civil faz operação nesta quinta-feira (29) para combater crimes sexuais e de tortura contra crianças e adolescentes na Região Metropolitana. Foram cumpridos nove mandados de prisão — uma temporária e oito preventivas — em Canoas e Gravataí. Até as 7h30min, seis suspeitos haviam sido presos. Os nomes deles não foram divulgados

Chamada Fim do Silêncio, a operação tem como base investigação que durou oito meses. Nesse período, os agentes identificaram oito casos, cujas vítimas têm idades entre quatro e 14 anos.

— São crimes que afetam a integridade, a dignidade e o futuro de crianças e adolescentes. Essas são situações que dificilmente conseguimos apurar sem a colaboração de pais, responsáveis, amigos e vizinhos. É importante observar a mudança no comportamento de crianças e adolescentes: os sinais não podem passar despercebidos. O criminoso se vale do medo para manter as vítimas em silêncio — diz Cristiano Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana.

Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão em Gravataí, Tramandaí, no Litoral Norte, e Biguaçu, em Santa Catarina.

— É indigesto relatar o que acontece com essas vítimas. É brutal. A gente pede que as famílias fiquem atentas a mudanças de comportamento — afirma o delegado Maurício Barison, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, responsável pela investigação.

Assédio em academia

Em um dos casos, um homem de 26 anos é suspeito de assediar uma aluna em uma academia de Canoas.

— Como sócio-proprietário e instrutor, ele colocava celulares para gravar as alunas se despindo no vestiário e abusava sexualmente delas durante as avaliações físicas. A situação foi descoberta quando a mãe percebeu sinais de mudança de comportamento da filha, como agressividade, isolamento e depressão — detalha Barison.

Segundo ele, outro alvo é um homem de 72 anos investigado por abusar da neta, de 10. O fato ocorreu em abril, no bairro Guajuviras, em Canoas.

— Com a desculpa de ajudar a filha, ele se voluntariava para cuidar da neta quando a mãe estava fora de casa. Quando a mulher deixava a residência, o avô abusava sexualmente da menina — relata o delegado.

Um dos casos envolve a tortura de uma menina de 12 anos, que morava com a tia-avó, de 46, e a companheira dela, de 52, em Canoas. Segundo a investigação, a adolescente foi obrigada a assumir as tarefas domésticas, além de sofrer torturas físicas e psicológicas, privação de sono e alimentação até concluir as tarefas impostas.

A vítima era constantemente deixada na rua para dormir com o cachorro e alimentava-se da ração do animal. Ela sofria agressões com golpes de sarrafo de madeira na cabeça, no tórax e nos braços, apresentando hematomas e cicatrizes. Também apresenta peso extremamente baixo e pouca estatura para a idade, o que indica privação de alimentação. Ela também sofria com torturas psicológicas, como a de ter raspado todo seu cabelo pelas investigadas.

DELEGADO MAURÍCIO BARISON

Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas



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