Região Metropolitana
Referência para mais de 150 municípios, Canoas alerta para colapso no sistema de saúde
Superlotação e falta de recursos acendem sinal vermelho na cidade, que opera com ocupação de 300% nesta terça-feira (20)


O sistema de saúde de Canoas, na Região Metropolitana, está em alerta. Os motivos são a superlotação e a falta de recursos. De acordo com o município, a estrutura está colapsando e não há como manter os serviços atuais.
Com três hospitais, a cidade é referência para 157 municípios da região e atende cerca de 2 milhões de pessoas. Nesta terça-feira (20), o sistema de saúde opera com lotação de 300%.
Atualmente, a cidade conta com dois hospitais ativos: o Hospital Universitário e o Nossa Senhora das Graças. As instituições operam com problemas. De acordo com relatos de pacientes, profissionais e entidades, há falta de insumos básicos, problemas em escalas, atraso no pagamento de médicos e falta de depósitos de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e impostos.
O cenário é ilustrado pela moradora do bairro Guajuviras Patrícia Nunes:
— Estou com minha avó de 84 anos internada aqui, ela precisa passar por uma cirurgia no fêmur. Não tem nem previsão e está um caos. Falta suprimento, não tem acesso, algodão, e até lençol tem que trazer de casa.
HPS de Canoas em reforma
Já o Hospital de Pronto Socorro (HPS) está fechado desde maio de 2024, após ser atingido pela enchente. A estrutura, no bairro Mathias Velho, segue em reforma, com previsão de reabertura apenas para 2026.
O HPS é uma instituição considerada importante para o sistema de saúde de todo o Rio Grande do Sul. Com perfil de pronto socorro, possuía todos os profissionais em porta aberta (disponíveis em todos os turnos). Desde a enchente, a equipe está responsável pela porta de emergência do Graças e, por isso, os pacientes de fora do município seguem sendo encaminhados para Canoas via regulamentação estadual.
Recursos insuficientes
Conforme a prefeitura, o município aporta R$ 19 milhões por mês na Saúde. Outros R$ 13 milhões são enviados por parte da União e do Estado. O montante é considerado insuficiente diante da necessidade.
Em busca de soluções, Canoas pediu apoio à Secretaria Estadual da Saúde (SES) e ao Ministério da Saúde. Uma das medidas avaliada é a redução de referência e de serviços oferecidos. Há possibilidade de reformulação do Hospital de Pronto Socorro. A situação deve ser definida nos próximos meses.
Enquanto isso, os moradores seguem procurando atendimento médico em Porto Alegre. Por volta das 12h desta terça-feira, segundo dados do painel de monitoramento, 62 pacientes internados em leitos hospitalares da Capital eram residentes de Canoas.