Notícias



Recomeço gaúcho

Um ano depois: veja como está a sede da ONG Chimarrão da Amizade após a enchente

Diário Gaúcho volta ao local para contar como foi o processo de reconstrução da instituição

03/05/2025 - 05h00min

Atualizada em: 03/05/2025 - 05h01min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho

Voltar à ONG Chimarrão da Amizade, no bairro Mathias Velho, em Canoas, um ano após a enchente de maio de 2024, reafirma a certeza da força do Estado na hora de se reconstruir. O espaço, que fez parte da série Recomeço Gaúcho, do DG, está completamente diferente do que foi retratado em junho

As paredes coloridas já não mais lembram do marrom enlameado das águas que engoliram o local. As salas, que ganharam novos pisos e estruturas, se afastam do cenário da inundação. O cheiro também não é mais o mesmo. Tudo indica que a ONG voltou a ser o que era antes da tragédia. No entanto, apesar da revitalização do espaço físico, a diretora Priscila de Oliveira conta que a quantidade de pessoas atendidas diminuiu de lá para cá:

— Estamos com uma baixa de alunos, mas eles vão voltar. Então, temos que estar preparados para tudo. Por isso, estamos com um projeto que realiza reuniões com as famílias para entender as suas necessidades.

A reconstrução foi feita com a ajuda de uma rede de apoio de voluntários e funcionários. Entre as ações de investimento estiveram a iniciativa DU99, que realiza reformas de instituições sociais por meio de patrocínios de empresas, e os fundos municipais dos Direitos da Pessoa Idosa e da Criança e Adolescente. 

Idosos

Além do projeto Reconstrução ONG Chimarrão da Amizade, a instituição retomou suas outras ações, como o atendimento a famílias de pessoas com necessidades especiais e a Casa Lar Santa Terezinha do Menino Jesus, que acolhe idosas em situação de vulnerabilidade social. 

O brilho nos olhos de Rosangela Ruzchi Baptista, 62 anos, demonstra o alívio de ter a ONG, que também é seu lar, de volta. Ela foi uma das idosas que teve que deixar o local por conta da cheia.

Camila Hermes/Agencia RBS
Rosangela ficou feliz em poder voltar para a ONG, que considera seu lar.

Aquele episódio eu não vou esquecer nunca. Quando saímos, a água estava na canela. Eu perdi meus documentos e meu cartão, mas já recuperei tudo — relembra Rosangela, que ficou, junto com as outras idosas acolhidas pela Chimarrão, no Centro de Convivência do Idoso da prefeitura de Canoas, por cerca de sete meses.

É uma paz e uma gratidão infinitas, ver tudo limpo e organizado de novo

PRISCILA DE OLIVEIRA

Diretora da ONG Chimarrão da Amizade

Ao descer da Kombi que a trouxe de volta para a Rua Caçapava, 180, ao lado do HPS de Canoas, Rosangela conta que ficou radiante. Na instituição, reconhece seu espaço no mundo e tem mais liberdade para receber as visitas dos seus amigos.

— Quando chegamos, as pessoas perguntavam: “Será que vocês lembram dos seus quartos?”. Eu, então, corri para cá e lembrei do meu. Foi maravilhoso — diz a idosa, sentada na cama que abriga seu nome. 

“Paz e gratidão infinitas”

A coordenadora da Casa Lar, Elenice Lombardi, 56 anos, também sentiu na pele a tristeza de deixar a ONG naquele dia 3 de maio. Ela foi uma das responsáveis por levar as idosas ao Centro de Convivência. 

— Entramos numa adrenalina sem fim. A maioria dos funcionários, incluindo eu, também teve as casas atingidas, mas quem conseguiu ficar para ajudar teve que redobrar os trabalhos. Estávamos no melhor lugar em que poderíamos estar, mas elas (idosas) estranharam muito — relembra a coordenadora.

No dia 7 de maio, a Chimarrão da Amizade completa 44 anos de existência. Priscila, que é bisneta de um dos fundadores, caminha pelos novos corredores da instituição com um sorriso de quem superou um dos maiores desafios à frente do projeto. 

A água pode ter levado a estrutura da ONG, mas de jeito algum a essência e o propósito da instituição. Pensando nisso, Priscila reflete:

É uma paz e uma gratidão infinitas, ver tudo limpo e organizado de novo. Nossas famílias provaram que a gente não tinha mesmo o direito de desistir. 

Mesmo com quase todos os projetos de volta a pleno vapor, um ainda não foi retomado. É o Forno Comunitário, ação que reúne os atendidos pela instituição para fazer pães. Mas a data de retorno está próxima, por isso, a ONG precisa de utensílios.

— Nós tínhamos material de primeiríssima qualidade, mas tudo se perdeu. Fôrmas apodreceram, não tinha nem como limpar. Então, precisamos de doações — explica Priscila.

Para ajudar

/// A iniciativa está precisando de fôrmas, talheres, materiais de cozinha, além de mantimentos, como leite e fraldas. 

/// Se puder ajudar, contate Priscila pelo telefone (51) 98164-0763.

*Produção: Elisa Heinski


MAIS SOBRE

Últimas Notícias