Tragédia no ar
Balão cai em Santa Catarina: oito turistas morrem no acidente em Praia Grande, veja o que se sabe
Outros 13 ocupantes ficaram feridos, incluindo o piloto. Polícia catarinense investiga as causas

A queda de um balão que levava 21 pessoas a bordo em Praia Grande, no sul de Santa Catarina, na manhã deste sábado (21), causou a morte de oito pessoas e deixou outras 13 feridas.
O governo de Santa Catarina determinou a criação de uma força-tarefa dos órgãos competentes para atuar na investigação do acidente e apoio aos familiares das vítimas e aos sobreviventes.
A região onde ocorreram o incêndio e a queda é conhecida como a "Capadócia brasileira". A Capadócia, na Turquia, com suas formações rochosas, é um famoso destino para a prática do balonismo.
De acordo com informações preliminares colhidas pela Polícia Civil catarinense, o fogo começou no cesto do balão quando a aeronave estava a 200 metros de altura.
Responsável pelo voo, a empresa Sobrevoar Serviços Turísticos afirmou, em nota, que o piloto, com "ampla experiência", adotou os procedimentos de emergência. A operadora lamentou o ocorrido e disse estar à disposição das famílias. A Agência Nacional de Aviação Civil informou que acompanha os desdobramentos da investigação.
Veja abaixo o que se sabe sobre a tragédia
Como teria acontecido o acidente
O piloto Elvis Crescêncio, que sobreviveu ao acidente, em depoimento à polícia, disse que o fogo começou no fundo do cesto, quando o balão estava a cerca de 200 metros de altura e que as chamas se alastraram rapidamente.
De acordo com a Polícia Civil, o piloto relatou que, durante a emergência, conseguiu descer o balão próximo ao chão. Ele teria orientado as pessoas a pularem. A maioria conseguiu descer. A medida que os passageiros iam desembarcando, o balão ficava mais leve. Com o fogo em sua base, começou novamente a subir.
As chamas acabaram consumindo toda a estrutura, que despencou com as pessoas que não haviam conseguido descer. Conforme relato de testemunhas, alguns acabaram se jogando de uma grande altura, e morreram em razão da queda. Outros quatro passageiros morreram carbonizados dentro do cesto.

As causas
As causas ainda estão sendo investigadas. Uma das possibilidades levantadas pela polícia é de que o fogo foi provocado por um maçarico que estava no chão do cesto. O objeto é usado para acender o gás que esquenta o balão.
Investigação
A Polícia Civil de Santa Catarina realizou série de diligências para apurar os fatos. Uma dessas ações foi a tomada do depoimento oficial do piloto do balão e também de alguns dos sobreviventes do acidente.
Oficiais da polícia foram até a sede da Sobrevoar, empresa responsável pelo balão, para verificar os documentos de regularização da empresa junto à Anac e também os documentos do piloto.
Depoimento de sobrevivente: falha no extintor
O depoimento de um sobrevivente do acidente envolvendo o balão em Praia Grande, que causou a morte de oito pessoas, aponta para uma possível falha no extintor de incêndio durante a propagação das chamas.
Fontes da Polícia Civil catarinense informaram a Zero Hora, que, em depoimentos colhidos na tarde deste sábado, foi informado que o aparelho não funcionou. A informação foi confirmada pelo delegado-chefe da Polícia Civil de SC, Ulisses Gabriel.

O que diz a defesa do piloto e da empresa
O incêndio no balão de ar quente que transportava 21 pessoas e caiu neste sábado (21), começou no cesto da aeronave, segundo o piloto, Elvis Crescêncio. A informação foi repassada pela defesa do piloto, que também representa a empresa responsável pelo voo, a Sobrevoar.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o advogado Clóvis Raupp Scheffer disse que o balão era novo, com somente seis meses de uso, e a aeronave tinha capacidade para 24 passageiros. Na ocasião, levava 21 pessoas.
Ele ainda afirmou que o voo ocorria dentro das normas estabelecidas, e que a Sobrevoar tinha todas as documentações necessárias e protocolos em dia. Sobre o depoimento do sobrevivente, Clóvis afirmou estar ciente e salienta que foram feitas checagens no extintor e nos demais equipamentos antes do balão decolar.
Onde o balão caiu
O balão caiu na área rural do município. O cesto em chamas atingiu o chão em alta velocidade, às margens da rodovia SC-108.
Para onde foram levados e qual o estado de saúde dos feridos
O Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Praia Grande, recebeu cinco pacientes vítimas do acidente. Entre eles, dois homens e três mulheres. Dois dos feridos tiveram queimaduras leves de segundo grau. Os outros três apresentaram escoriações e queixas de dor por causa do impacto da queda.
Eles tiveram alta e retornaram para as suas cidades. Nenhum dos sobreviventes sofreu fraturas ou lesões consideradas graves.
O que diz a empresa
Responsável pelo voo, a empresa Sobrevoar Serviços Turísticos afirmou, em nota, que o piloto, com "ampla experiência", adotou os procedimentos de emergência. A operadora lamentou o ocorrido e disse estar à disposição das famílias.
Em nota, a empresa disse seguir "todas as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC)" e não ter registros de acidentes anteriores. "Infelizmente, mesmo com todas as precauções necessárias e com o esforço de nosso piloto, cujo mesmo possui ampla experiência e adotou todos os procedimentos indicados, tentando salvar todos os que estavam à bordo do balão, sofremos com a dor causada por essa tragédia", diz trecho.

Anac se manifesta
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) emitiu comunicado na tarde deste sábado no qual disse que, por serem atividades de alto risco por sua natureza e características, voos de balão ocorrem "por conta e risco dos envolvidos".
A agência disse ainda estar adotando as providências necessárias para averiguar a situação da aeronave e da tripulação e que acompanha os desdobramentos das investigações.
Quem morreu no acidente
- Andrei Gabriel de Melo, 34 anos, oftalmologista de Fraiburgo (SC)
- Everaldo da Rocha
- Fabio Luiz Izycki, 42 anos, natural de Barão de Cotegipe (RS), atuava como escriturário de banco, com passagem pelo Banco do Brasil
- Janaina Moreira Soares da Rocha, natural de Joinville (SC)
- Juliane Jacinta Sawicki, natural de Carlos Gomes (RS)
- Leandro Luzzi
- Leane Elizabeth Herrmann, de Concórdia (SC)
- Leise Herrmann Parizotto, médica, filha de Leane, morava em Blumenau (SC)
Casal gaúcho entre as vítimas
Fabio Luiz Izycki, 42 anos, natural de Barão de Cotegipe (RS), e Juliane Jacinta Sawicki, de Carlos Gomes (RS)
Fabio era primo de 2º grau de Franciel Izycki, prefeito de Barão de Cotegipe, e trabalhava em uma agência do Banco do Brasil na cidade.
Juliane era engenheira agrônoma e sócia de uma empresa de assessoria rural na área, com projetos agrícolas e ambientais.
Carbonizados e por queda
Quatro das oito pessoas que morreram foram encontradas carbonizadas dentro do cesto, informou o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, tenente-coronel Zevir Cipriano Júnior. As outras quatro vítimas foram encontradas próximas ao balão.
Sobreviventes identificados:
- Claudia Abreu
- Elvis de Bem Crescêncio (piloto)
- Fernando da Silva Veronezi
- Laís Campos Paes
- Leciane Herrmann Parizotto
- Leonardo Soares Rocha
- Luana da Rocha
- Marcel Cunha Batista
- Rodrigo de Abreu
- Sabrina Patrício de Souza
- Tassiane Francine Alvarenga
- Thayse Elaine Broedbeck Batista
- Victor Hugo Mondini Correa
Redes sociais
Testemunhas relataram que algumas pessoas se jogaram para tentar escapar do fogo. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o balão em chamas e perdendo altitude rapidamente.

Condições de voo
De acordo com o presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, Rogério Daitx, as condições eram favoráveis para voo, e que, inclusive, havia outros passeios de balão acontecendo na cidade no mesmo momento.
— Condições climáticas a gente pode descartar, não foram elas a causa. O que mais parece ser, provavelmente, é algum vazamento, alguma falha no equipamento — disse o balonista.
Documentação
O delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina afirmou também que os documentos do balão estavam todos em dia, e que o piloto tinha licença para voar.
Experiência de voo
O presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, Rogério Daitx, disse que conhecia o piloto e que ele tinha muita experiência de voo:
— Provavelmente ele teve que tomar alguma decisão, e provavelmente foi a pior decisão da vida dele.
Autoridades lamentam o acidente
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), lamentou o ocorrido nas redes sociais: “Estamos todos consternados com o acidente envolvendo um balão em Praia Grande, na manhã deste sábado.” O governador está em missão oficial no Japão.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também se solidarizou e colocou a estrutura do governo federal à disposição para auxiliar nos trabalhos.
Nota oficial da Prefeitura de Praia Grande:
A Prefeitura de Praia Grande manifesta sua solidariedade às famílias envolvidas no acidente com balão ocorrido na manhã deste sábado, 21 de junho.
Capital dos cânions
Praia Grande está no sul catarinense, região com a maior cadeia de cânions da América Latina e fica aos pés do trecho mais abrupto da Serra, onde estão alguns dos cânions mais famosos da Região Sul, como o Itaimbezinho e o Malacara.
A cidade recebe turistas interessados em fazer passeios de balão. Segundo a prefeitura, são dezenas de empresas credenciadas e mais de 7 mil pousos e decolagens por mês.
Como é o passeio de balão
O balão que caiu possuía um cesto de 6 metros de largura, com capacidade para transportar até 24 pessoas. O balão atingia até mil metros de altura. Os passeios sobre os cânions de Praia Grande custavam R$ 550 por pessoa e tinham a duração de 45 minutos.
Segundo acidente em uma semana
Este é o segundo acidente grave com balões no Brasil em menos de uma semana. No último domingo (15), uma mulher morreu e outras 11 pessoas ficaram feridas após a queda de um balão em Boituva (SP). A vítima foi Juliana Alves Prado Pereira, 39 anos.