Girl for IT
Códigos só para gurias: projeto leva aulas de programação para estudantes da rede pública
Alunas da Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião, da Lomba do Pinheiro, aprenderam o básico da linguagem HTML em oficina na última semana


As manhãs das últimas quarta (11) e quinta-feira (12) foram de muito aprendizado e códigos na Escola Estadual de Ensino Médio Rafaela Remião, na Lomba do Pinheiro. E só para gurias. Isso porque o projeto Girl for It, uma parceria da ONG Junior Achievement e da empresa ADP Brasil, ensinou programação para as alunas da instituição. Durante a oficina, cada menina pôde criar um blog utilizando a linguagem HTML, e todas receberam certificado.
A gerente de pessoas da ADP, Juliana Beber, explica que o projeto surgiu de uma percepção do baixo número de mulheres na área da tecnologia e de uma vontade de contribuir para mudar esse cenário.
— É uma qualificação para que futuramente essas meninas consigam oportunidades que a gente sabe que, muitas vezes, não chegam nelas. Então, é fundamental virmos aqui falar um pouco sobre a área de programação e desenvolvimento de software, porque isso pode despertar um interesse para um mundo novo — conta a gerente, que participa da iniciativa desde a primeira edição, em 2017. Já foram quatro ações, duas delas na Rafaela Remião, e o sentimento de Juliana é de dever cumprido:
— Se uma menina se interessar, o nosso objetivo foi atingido com sucesso.
Enquanto a reportagem esteve na sala de aula, deu para perceber que não foi só uma aluna que se interessou. Cerca de 30 gurias aprenderam o básico da linguagem de programação HTML, um dos principais códigos utilizados para a criação de websites.
Curiosidade

Julia Gabrieli Ferreira, 17 anos, que está cursando o 3º ano do Ensino Médio, foi uma delas. Já é a segunda vez que a estudante participa da oficina e se diz muito feliz pela oportunidade. Julia conheceu o projeto por meio de um grupo de empreendedorismo da Junior Achievement, que já realizava outras atividades na escola.
Ao perceber que a programação era muito utilizada no grupo, decidiu estudar o tema:
— Eu fiz curso online e nisso eu gostei, mas as pessoas de baixa renda não têm condições de comprar um computador e no celular é difícil. Aqui é bom porque tem o computador para trabalhar. Então é incrível viver isso.
A estudante Rittiele Kauane de Matos, 15 anos, conheceu o projeto por meio da divulgação em sala de aula. Curiosa, a aluna do 9º ano se inscreveu e, apesar de querer cursar medicina na faculdade, se interessou pelo tema da programação. Fã da cantora sertaneja Marília Mendonça (1995-2021), a menina decidiu fazer seu blog sobre a artista durante a oficina.
— Me interessei bastante. Talvez eu pretenda conhecer um pouco mais sobre. Achei que ia ser mais difícil do que foi — conta Rittiele.
Aprendizado e networking
A desenvolvedora de software da ADP Luma Beserra, 27 anos, estava pela primeira vez sendo voluntária no Girl for It. Feliz por poder ensinar o que sabe, Luma também diz aprender muito com o contato com as meninas:
— Eu acho que é uma troca. A gente aprende bastante e ensina bastante.
O assistente educacional da Escola Rafaela Remião, Luis Nei Silveira, 48 anos, é outro que elogia a presença do projeto nas escolas. Ele foi um dos responsáveis por organizar as inscrições:
— Eu acho bacana a escola estar junto nessa parceria. Porque dá um conhecimento que a nossa escola que é periférica não tem muito. Fora o networking que elas têm.
*Produção: Elisa Heinski