Prédio inacabado
Com obra parada há 23 anos, "edifício fantasma" no bairro Higienópolis está à venda; veja fotos
Imóvel começou a ser erguido na década de 1990, mas obra foi paralisada devido à desistência de investidores no projeto

Um prédio inacabado chama atenção de quem passa pela Rua General Couto de Magalhães, no bairro Higienópolis, em Porto Alegre. A estrutura começou a ser erguida no final da década de 1990 para abrigar quatro famílias. Seria um apartamento por andar, incluindo uma cobertura com três pavimentos no topo. Devido à desistência de investidores no meio da obra, a construção foi interrompida em 2002.
Hoje, resta apenas a carcaça do edifício, com 18 metros de altura. Ele está cercado de construções de alto padrão, em uma área valorizada da cidade. O imóvel está à venda (confira abaixo).
— Sempre esteve aí, desde que cheguei na rua. É abandonado, parece um edifício fantasma. De noite, é sinistro. Invasões aqui não dão certo, acredito que por estar em um bairro de gente rica — diz Luis Fernandes, que trabalha como vigia de um prédio vizinho desde 2005.
O dono do prédio inacabado faz a manutenção do terreno e do esqueleto do edifício pelo menos duas vezes ao ano. A próxima acontecerá nesta quarta-feira (25). Quando a reportagem de Zero Hora esteve no local, nesta segunda-feira (23), a grama estava alta e havia marcas de pichações na estrutura.
— É ruim ter isso aqui do lado. Esses dias, estavam tirando coisas do terreno, jogaram tudo para fora. Já tentaram invadir, estava aberto, mas o dono fechou com tapumes — diz Stefania Duarte, que trabalha no residencial Villa Argento, ao lado do edifício inacabado.
Os tapumes que cercam o terreno já foram trocados três vezes. Desde o abandono da obra, já foram roubadas toda a fiação elétrica do prédio, os tubos da rede de água quente e até mesmo uma piscina com capacidade para 8 mil litros de água.

História do prédio
Na década de 1990, o terreno de 450 metros quadrados no número 860 da Rua General Couto de Magalhães despertou interesse de uma construtora. Por ficar em uma parte alta do bairro, um edifício erguido ali teria vista para grande parte da Capital. Em 1997, foi feita negociação com o dono do terreno, que ganharia um apartamento no futuro prédio através de uma permuta.
Outras duas famílias se juntaram ao projeto — uma delas ficaria com a cobertura de três andares, cobrindo os custos da sua parte. Após aprovação do projeto na prefeitura, a obra começou. Porém, durante o processo de construção, duas partes investidoras desistiram do projeto, e a obra parou.
"Houve dissidências e desistências, pois era um grupo fechado construindo para seu próprio uso. E alguns foram afetados por problemas de ordem pessoal. A obra já está há duas décadas parada. Ficou muito próximo de finalizar", diz a empresa HBM, gestora dos bens do proprietário do terreno.
A HBM diz que o dono do terreno pagou mais de R$ 1 milhão pelos apartamentos que pertenciam às outras partes (construtora e família). O acordo judicial levou mais de uma década para ser feito, sendo firmado apenas em 2017. Além da manutenção do terreno, o dono do imóvel paga R$ 20 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) ao ano.

Futuro do prédio
A HBM diz que negocia a venda do terreno e do prédio inacabado. Segundo a gestora, o dono do imóvel não tem interesse e nem capacidade financeira para retomar a obra do edifício. O interessado teria que atualizar o projeto arquitetônico da estrutura e aprová-lo novamente na prefeitura.
A construção existente tem cerca de 1,1 mil metros quadrados de área. Além dos três apartamentos e da cobertura, há espaço para 12 vagas para carros, duas entradas para a garagem, espera para um elevador e um pequeno salão de reuniões. Cada moradia tem cerca de 180 metros quadrados, exceto a cobertura, que tem 350 metros quadrados.
Segundo a HBM, 50% da obra estão concluídos.
"Embora a obra esteja parada há anos, este prédio teve um tratamento estrutural exacerbado. Seu revestimento primário é estupendamente consistente e forte, deixando suas armaduras muito bem protegidas", afirma a HBM.