Coluna da Maga
Magali Moraes: roupa fria ou molhada?
Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho


De todas as dúvidas típicas do inverno, essa é uma das campeãs. Seria uma dúvida ou um atestado de incapacidade sensorial? Na primavera, verão e outono, a sensibilidade é normal. Já no inverno, parece que perdemos a habilidade de distinguir o básico. Ninguém questiona o calor de uma xícara com café quente. Muito menos o frio do primeiro jato de água que sai do chuveiro. Agora quando estamos na frente de um varal recolhendo a roupa (teoricamente) seca, tudo é relativo.
A frente fria chegou? Pior ainda. A turma das mãos sempre geladas vai ter bem mais dificuldade de fazer uma simples avaliação. A meia está fria (portanto seca) ou segue molhada? Muito? Levemente úmida, no limite do aceitável? Com as mãos congeladas fica difícil ter essa clareza, as pontas dos dedos tentam sobreviver. A blusa pendurada no varal que dê um jeito de afirmar que já pode ir pro armário ou continuará lá por dias, apertada junto às outras. Que, adivinha, levarão séculos pra secar.
Forro
Também depende do tecido em questão. Um jeans está fadado a demorar mais tempo, nem adianta se fingir de seco. Não se engane e observe o todo: o forro dos bolsos ou as barras da calça podem aumentar a estadia no varal. E aí vem a clássica pergunta: tá molhado ou frio? A dúvida surge até em pedaços menores de pano, como uma inocente cueca: tá fria ou molhada? É um círculo vicioso. Os prendedores de roupa loucos pra descansar, que nada. Seguirão trabalhando.
Tem secadora? Tomara que ela não encolha as roupas. E não amasse tudo como se estivessem lutando lá dentro. Pra mais dúvidas da estação, me siga. Sopa é janta? Sim. Qual a quantidade ideal de bergamotas pra saciar um gaúcho? Mais de uma e menos de seis (se comer no sol, abre o apetite). A resistência do chuveiro elétrico vai aguentar o tranco? Melhor apressar o banho. O pinhão cozinhou o suficiente? Só mordendo pra ver. As mãos vão esquentar quando? Boa pergunta.