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Coluna da Maga

Magali Moraes: virando sapo

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

20/06/2025 - 05h00min

Atualizada em: 20/06/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes/Agencia RBS
Magali Moraes

A gente gosta é de prêmio acumulado na mega-sena, não de chuva acumulada a semana inteira. Aqui no RS, a previsão do tempo virou o quadro da dor: só chove. É provável que você esteja como eu, quase virando sapo. Há pouco ouvi um deles coaxar, nem sei se era sapo mesmo ou a voz do meu pensamento. Seria útil criar guelras pra respirar embaixo d'água como eles fazem, eu que nem consigo abrir os olhos na piscina. Pele seca e rugosa faz parte do inverno, estamos quites.

Na vida adulta, todo mundo engole sapos. Chegamos a perder a conta. Um desaforo no trabalho, uma frustração no relacionamento, um desconforto no ônibus, uma piada de mau gosto que se ouve. Nessas horas, engolir sapo é uma decisão pra não comprar briga e manter a paz. Agora se não for no sentido figurado e uma rã estiver imóvel no prato, cercada de batatas, eu passo. Perna frita de sapo? Ugh! Bolinho de sapo? Socorro. Na Ásia, é iguaria. Perco o apetite só de pensar.

Príncipe

Lembrei daquela cena clássica dos contos de fada: a princesa beija o sapo pra ele virar príncipe. Pra que criar essa expectativa? Depois a mulherada cresce acreditando que pode transformar os homens, e ninguém lembra de onde veio isso. Voltando à chuvarada e ao medo real de virar sapo: é muito banhado e umidade, totalmente compreensível. Se fosse num pântano, natureza e tal, até poderia ser uma experiência interessante. Mas na vida real, cidade, compromissos, não tem como.

Em meio a tanta chuva, a gente vai murchando. Pra manter o otimismo, imagina comigo um nascer do sol. O céu todo colorido, coisa mais linda. Bora imaginar também uma tarde ensolarada, a luz entrando dentro de casa e iluminando as paredes, alegrando os vasos de plantas. Em cima da mesa, tem uma cesta cheia de bergamotas docinhas. Pega uma, descasca, vai comer perto da janela. Ali na rua, as pessoas circulam sem guarda-chuvas atrapalhando e as árvores fazem sombras gostosas.

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