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“Não vou pagar para ver”: moradores deixam Região das Ilhas preventivamente para evitar cenário da enchente de 2024

Na Pintada, quem vive mais perto ao Rio Jacuí começa a retirar pertences e buscar abrigo, mesmo sem orientação oficial para evacuação 

19/06/2025 - 17h06min

Atualizada em: 19/06/2025 - 17h38min


Gabriela Plentz
Gabriela Plentz
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A tarde desta quinta-feira (19) é marcada por intensa movimentação de carros e caminhões na Ilha da Pintada. Mesmo sem orientação oficial para evacuação, diversos moradores começaram a sair preventivamente das casas mais próximas do Rio Jacuí.

Trechos da Rua Nossa Senhora da Boa Viagem estavam cobertos por água desde o início da manhã. Ao longo do dia, alagamentos foram avançando pela via.

A reportagem de Zero Hora esteve no local. Às 15h20min, a régua instalada dentro do rio, no ponto onde fica o Recanto da Oxum, indicava 1m80cm. Ao meio-dia, a medição estava em 1m72cm.

Moradores da rua se dividiam entre aqueles que já optaram por sair e outros que acreditam que é possível permanecer. Uma parcela também optou por retirar carros e móveis de maior valor.

Muitos relatam que estavam acostumados com a inundação na rua, mas que, com o trauma de maio do ano passado, preferiram prevenir.

— Eu não vou pagar pra ver. Tirei alguns eletrodomésticos. O pouco que ganhei, não quero perder tudo de novo. Vou esperar um pouco mais, mas, assim que piorar, vou para o abrigo. Depois, fica sem condições de ficar em casa — disse Fabiana do Carmo, 50 anos.

Dona de uma lancheria na Rua Capitão Coelho, Elida de Almeida Ramos optou por retirar tudo do estabelecimento.

Esvaziamos por precaução, porque está para chegar água e a gente não sabe a proporção que vem, porque os rios estão muito assoreados ainda. Então, pode vir uma aguinha, pode, mas pode vir uma água até o teto novamente, e aí pra perder tudo que tu adquiriu, não é fácil pra reconstruir depois — diz, enquanto carregava um caminhão com os pertences.

Na Ilha das Flores, Claudia Maria, 33 anos, estava encaixotando o que conseguia. A ideia é ir para uma casa também na região, mas mais longe do banhado.

A água entrou nos fundos do nosso pátio já. Meu esposo marcou a hora que chegou onde estava a água. Horas depois, já passou bastante. A gente tem medo, porque vem muito rápido. Não queremos esperar  — relata Cláudia, ao lado das filhas crianças.

De acordo com a prefeitura de Porto Alegre, no início da tarde, 16 pessoas estavam abrigadas no espaço da KTO Arena, antigo Pepsi On Stage. São moradores do Humaitá e das Ilhas.


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