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Orla do Extremo Sul

Praia no frio? Veja quem frequenta os balneários de Porto Alegre nesta época do ano

Reportagem de Zero Hora esteve nos balneários do Lami, no bairro de mesmo nome, do Leblon e do Veludo, em Belém Novo, para conversar com os frequentadores

18/06/2025 - 10h59min

Atualizada em: 18/06/2025 - 10h59min


André Malinoski
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Com a proximidade do invernoa estação começa no dia 20 de junho no hemisfério sul —, pouca gente aventura-se a passear na orla dos balneários situados no extremo sul de Porto Alegre.

Na tarde ensolarada desta segunda-feira (16), Zero Hora esteve nas praias do Lami, no bairro de mesmo nome, do Leblon e do Veludo, em Belém Novo. Era possível contar nos dedos o número de pessoas encontradas às margens do Guaíba.

Quem estava no Lami

Na praia do Lami, algumas crianças aguardavam o início das aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Genoveva da Costa Bernardes, que fica nos arredores. Era cerca de 13h e fazia 19°C. Na orla, não havia vento e as águas do lago estavam serenas e sem ondas.

O casal formado pelo marceneiro William de Araújo, 36 anos, e pela auxiliar de saúde bucal Paola de Araújo, 34, brincava na areia com a filha Lívia, de dois anos. Os três eram alguns dos poucos presentes na praia conhecida por receber centenas de banhistas no período de verão. 

— É a primeira vez que a gente vem trazer ela (filha). Nunca venho nesta época do ano. Tem muita coisa destruída pela enchente — observa o marceneiro, dizendo que os três não tomam banho no Guaíba em virtude da poluição.

O lugar é lindo — acrescenta a esposa.

As amigas aposentadas Lucidia Cauduro, 66 anos, e Aida Rafaeli, 76, chegaram pouco depois para apreciar a vista. A primeira morou 12 anos no Lami e agora vive há um ano na Restinga.

— Vejo aqui uma oportunidade de a gente observar bem a natureza e ver como é bonito o Lami. Às vezes, na praia, as pessoas não dão a devida importância porque tem muita gente — reflete Lucidia. 

Dona Aida declara-se para a praia do Lami. Apesar de conhecer o balneário apenas há cinco anos, ela conta que tem uma grande coleção de fotos tiradas na orla deste ponto da cidade.

— Sou suspeita de falar, porque eu amo isso aqui. Acho que todas as pessoas deveriam vir ver o Lami no inverno, porque ele é mais lindo do que no próprio verão — compara.

Pouca gente, poucas vendas

Na lancheria mais próxima da guarita de guarda-vidas, o casal Luis Carlos Jorge dos Passos, 61 anos, e Aline Lopes, 46, lamenta o vazio da praia do Lami nesta época do ano. Os dois vivem no estabelecimento e vendem, entre outros itens, milho-verde.

— Esses dias são terríveis e não dá para vender nada. Às vezes, nos finais de semana, vem alguém passear, comer um milho e tomar uma cervejinha. Mas é pouca gente — compartilha o marido.

A esposa comenta que a enchente de maio de 2024 deixou muita coisa destruída na orla do Lami, o que a reportagem constatou ao circular pela areia.

Camila Hermes/Agencia RBS
Comerciante Luis Carlos Jorge dos Passos lamenta pouco movimento na praia do Lami.

— Nesta época é muito vazio e triste — resigna-se ela, em frente à porta da lancheria sem clientes.

Sossego e pescaria na praia do Leblon

Na Praça José Comunal, no Belém Novo, o cenário era semelhante. Poucas pessoas circulavam pela área verde ou olhavam para as águas de tons marrons do Guaíba. Vários pontos do piso estavam encharcados pela chuva do fim de semana. Nas árvores, bandos de caturritas faziam algazarra.

O músico Kako Pacheco, 61 anos, passeava sozinho pela praia do Leblon. Ele sempre viveu no bairro e conhece a rotina da região. 

— É muito gostoso, tem muito sossego e pouca gente frequenta o balneário nesta época do ano. As pessoas vêm para tomar um chimarrãozinho no pôr do sol. Mas o movimento maior é de dezembro a fevereiro — divide. 

Em relação ao vazio do momento, não há reclamações.

— É até uma forma de egoísmo nossa. A gente fica com a natureza só para nós — diz. 

Camila Hermes/Agencia RBS
Músico Kako Pacheco na praia do Leblon.

Mais adiante, nas ruínas de uma antiga estrutura, três pessoas da mesma família aproveitavam para pescar. Natural de Santa Catarina, o chacreiro Leomar Wegner, 50 anos, visitava a praia do Leblon pela primeira vez na vida. 

— Não pesquei nada ainda. Estou achando isso aqui muito bonito — elogia o pescador, que mora há quatro anos no Rio Grande do Sul.

Na praia do Veludo, foi possível avistar três pessoas fazendo uma oferenda religiosa perto de algumas árvores. Uma ou outra circulava a pé ou de bicicleta. Era uma segunda-feira típica de "quase" inverno na cidade.



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