RETRATOS DA VIDA
Projeto CulturaTech une arte e tecnologia para renovar a educação no RS
A iniciativa busca construir uma narrativa de inovação que somará ao currículo educacional das instituições de ensino contempladas

Na nova sala, que agora possui coloração roxa e mesas multicoloridas, a criatividade e a tecnologia se uniram para expandir os conhecimentos dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Doutor Paulo da Silva Couto, em São Leopoldo.
No dia 3 de maio, o projeto CulturaTech – Criatividade Programada iniciou suas oficinas de aprendizagem no Vale do Sinos para as turmas de 3° e 5° ano, envolvendo alunos de oito a 12 anos.
A ação social é realizada através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com produção da Amora Produções Culturais e patrocínio do Nubank. Iniciado em 2025, o projeto é voltado para escolas impactadas pela enchente e oferece cursos de arte digital e robótica.
No primeiro momento, duas instituições foram contempladas pela iniciativa: a Escola Municipal de Ensino Básico Luiza Silvestre de Fraga, em Esteio, que foi afetada pela enchente de maio de 2024 e destelhada durante uma tempestade em fevereiro de 2025; e a Emef Doutor Paulo da Silva Couto, em São Leopoldo, unidade que serviu de abrigo para atingidos pela cheia.
Expectativas
O projeto busca construir uma narrativa que promove a criatividade, a tecnologia e a arte, somadas ao currículo padrão educacional das instituições de ensino. Entre as propostas está a criação de uma Sala Criativa. O espaço, já presente na escola Dr. Paulo Couto, é composto por uma infraestrutura colorida, materiais tecnológicos e está preparado para receber os alunos.
O local se transformou em lar do aprendizado criativo e lúdico. Durante seis meses, as escolas receberão aulas de robótica e criatividade, abordando temas de lógica, programação, hardware, identidade cultural e sustentabilidade. Neste último tema, a ação incentiva o uso de materiais reciclados para a criação de robôs.
Ao final da capacitação, as produções dos alunos serão exibidas em uma mostra. Além dos estudantes, os monitores e professores também receberão formação para aprenderem a utilizar a linguagem da robótica como uma ferramenta para as suas aulas.
Transportando conhecimento
A coordenadora do projeto, Luciana Tondo, sócia da Amora Produções Culturais, conta que a criação surgiu de uma vontade de trazer a cultura para mais perto das crianças em formação. O CulturaTech surgiu da ideia de unir a tecnologia na concretização da identidade cultural.
Nesta primeira edição, o projeto registrou mais de cem inscrições de todo o RS. Em 2025, a formação de estreia irá fornecer mais de 500 horas de oficinas para cerca de 160 alunos por escola.
Quando falado sobre futuro, a coordenadora destaca que os aprendizados irão abrir diferentes perspectivas:
– Acho que nem todos vão seguir nessa área. Mas acredito que isso faz com que elas se engajem e consigam construir algo maior.
Reconstruindo
Já para a diretora da escola, Luciane Maria Sulzbacher, o projeto já é um sucesso. A educadora destaca que a iniciativa reafirma o compromisso com a educação e a inovação:
– As crianças estão encantadas, super empolgadas e muito felizes com essa nova possibilidade dentro da escola.
A positividade visível dos estudantes já está estimulando os professores. A diretora conta que um aluno, ao falar sobre o projeto, descreveu: “Não sei se estou sonhado ou se estou no paraíso”.
Luciana enfatiza ainda que, após o desastre, a iniciativa será uma forma de reescrever a história do local.
Monitor de uma das primeiras oficinas, o produtor cultural e estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas Guilherme Teixeira Silveira, 30 anos, destaca sua participação no projeto. É a primeira vez que ele está atuando com alunos desta faixa etária e comenta que a experiência tem sido impactante.
Entre os aprendizados, está a valorização da escuta e a liberdade de imaginar e criar em sala de aula. Guilherme destaca a importância de compartilhar conhecimento com os alunos, que serão futuros profissionais.
*Produção: Josyane Cardozo