Pós-chuva
"Teremos uma semana com cotas muito próximas ao nível de inundação", projeta coordenador da Defesa Civil sobre rios do RS
Regiões do Vale do Caí e do Vale do Taquari são as que mais demandam atenção

— Teremos ainda uma semana pela frente com cotas muito próximas ao nível de inundação — projetou o coordenador da Defesa Civil do Rio Grande do Sul, coronel Luciano Boeira, sobre as águas do Rio Jacuí e o impacto delas em Porto Alegre e arredores. Ele concedeu entrevista ao programa Faixa Especial, da Rádio Gaúcha.
Neste domingo (29), quatro rios ultrapassaram a cota de inundação: Caí, Taquari, Jacuí e Paranhana.
— Os rios têm características diferentes. Se você pega aqui a bacia do Taquari, por exemplo, ele sobe muito rápido, mas ele baixa muito rápido também. Mas temos que considerar que o Jacuí está cheio, está com uma sobrecarga. O Jacuí vem nessa condição de elevação já faz algum tempo, desde o episódio da semana passada, então a resposta é diferente nas diferentes bacias, mas se nós formos falar aqui, especialmente no Jacuí, aqui em Porto Alegre, eu acho que nós teremos ainda pelo menos uma semana pela frente em cotas muito próximas ao nível de inundação — detalhou.
Boeira também ressaltou que, no momento, as regiões do Vale do Caí e do Vale do Taquari são as que mais demandam atenção, por conta do grande acumulado de chuva. O coordenador explicou que, em alguns pontos do Estado, em apenas 12 horas, choveu cerca de 170mm — o que seria o equivalente para todo o mês de junho.
— Não foi só mais um evento. Isso é muita chuva. Trabalhamos com as prefeituras com uma cota de 23 metros (Rio Taquari) em Estrela e Lajeado e seguimos nesta condição. Mais acima, em Encantado, trabalhamos com a prefeitura para que fizesse uma preparação para uma cota de 14 metros. Seguimos acreditando que essa cota vai ser suficiente diante da elevação do nível do Taquari — disse Boeira.
O coordenador explicou que a expectativa era de que houvesse um grande volume de chuva na cabeceira do Rio das Antas, mas a situação acabou ocorrendo um pouco mais acima, afetando a bacia do Rio Uruguai:
— Essa onda de cheia vai passar pelo Alto Uruguai. Provavelmente, estaremos na cota de inundação. Vai trazer reflexo no Baixo Uruguai, de São Borja para baixo. E isso manter aquela região por mais um tempo ainda em cota de inundação. Mais acima, como Santa Tereza e Muçum, não devemos atingir cotas de inundação — pontuou.
Por conta desta água toda, enfatizou Boeira, apenas na madrugada de sábado (28) para domingo, o Estado teve 101 pessoas desabrigadas e mais 215 desalojadas. No total, desde o começo das chuvas intensas, em 10 de junho, já são mais de 10 mil desalojados e 1.290 desabrigados em todo o Rio Grande do Sul.
Força-tarefa para remover moradores em áreas de enchente
Segundo o coordenador da Defesa Civil do RS, este número de pessoas fora de casa se deve por conta de um trabalho preventivo realizado desde o começo do mês, uma parceria entre o governo do Estado com os prefeitos gaúchos, além da montagem de gabinetes de crise em cinco regiões. Assim, foi possível remover os moradores em segurança e retirar eles do raio da enchente.
— Essas condutas preparatórias que foram adotadas aqui pela Defesa Civil do Estado só foram possíveis em razão do incremento que nós estamos tendo na nossa estrutura de proteção e defesa civil desde os eventos do ano passado. Nós fechamos 2024 com 45 militares na nossa estrutura, entre policiais militares e bombeiros militares. Hoje, nós somos, só militares, perto de 140.
Além disso, Boeira detalhou que, desde o início do ano, foram agregados técnicos temporários, através de uma contratação da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão. Hoje, segundo ele, existem hidrólogos, meteorologistas, geólogos, engenheiros complementando a equipe técnica, totalizando 170 profissionais. A expectativa é que, até o final de julho, este número chegue a 200.