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Diretores de escolas estaduais reclamam da falta de peças de inverno em uniformes enviados pelo governo do RS

Ao menos sete escolas da Região Metropolitana afirmam que kits com camisetas de manga curta e bermudas foram entregues em junho, às vésperas do inverno

07/07/2025 - 12h52min

Atualizada em: 07/07/2025 - 12h52min


Zero Hora
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Gabriel Dias/Agencia RBS
Instituição da Zona Sul recebeu lote em 17 de junho.

Após quase cinco meses de espera, diretores e professores da Escola Odila Gay da Fonseca, no bairro Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, começaram a receber, na metade do mês de junho, a primeira leva de uniformes escolares, prometidos ainda no início do ano pelo governo do RS. Apesar da conclusão da entrega, as caixas com os itens destinados aos alunos continham apenas peças de roupa de verão.

Camisetas e bermudas chegaram até a escola para serem distribuídas no dia 17 de junho, três dias antes do início do inverno, enquanto casacos e calças não foram enviados.

O diretor da escola, Robson Rogério Silva da Silva, afirma que a demora no repasse das peças de roupa e a chegada incompleta dos uniformes gera insatisfação dos pais e responsáveis dos estudantes.

— As famílias reclamam bastante, exigindo as roupas que foram prometidas, e com razão. Tentamos explicar que vamos fazer a entrega apenas dos uniformes de verão, pois são as roupas que recebemos. Nós também estamos no aguardo dos kits de inverno — explica.

A situação não é exclusividade da escola da Zona Sul. Na semana em que o Estado registrou os dias mais frios do ano, incluindo temperaturas negativas, ao menos outras seis escolas da Região Metropolitana relataram à reportagem de Zero Hora não terem recebido os itens de inverno. Além disso, os kits que chegaram com as peças de roupas de verão ainda não foram distribuídos em grande parte das instituições.

O que diz o governo

A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) afirma que os uniformes foram distribuídos em diferentes lotes, um com itens de verão e outro com roupas de inverno.

Em abril, quando mais da metade das escolas ainda não havia recebido os kits, a previsão da Seduc era enviar as peças de inverno até maio.

A pasta afirma que mais de 5,4 milhões de peças foram entregues em todo o RS, incluindo:

  • 1,826 milhão de camisetas de manga curta
  • 1,097 milhão de camisetas de manga longa
  • 629 mil bermudas
  • 1,007 milhão de calças
  • 477 mil jaquetas
  • 586 mil moletons

Alunos ainda sem uniformes

Mesmo com os itens de verão em mãos há quase 15 dias, o repasse dos uniformes aos alunos da Odila não foi realizado até o momento. Pilhas de caixas com as peças de roupa se acumulam em um espaço reservado aos itens na sala da secretaria.

A demora se deve principalmente ao atraso nas entregas por parte do governo estadual, mas também a problemas logísticos. A conferência e distribuição dos itens é de responsabilidade das escolas. Diretores e professores precisam contar os itens e enviar para a Secretaria da Educação, que atesta se o número confere com o envio.

Apenas após esse processo se inicia o repasse aos alunos, mas diretores afirmam que a conferência por parte de fiscais do Estado pode demorar até 15 dias. Além dos trâmites administrativos, a falta de experiência dos profissionais das instituições de ensino em processos desse porte contribui para a demora.

Dificuldade logística

Segundo a Secretaria da Educação, o processo de entrega é dividido em cinco fases:

  • Cadastro e registro no sistema: os gestores precisam acessar o portal Escola RS, disponibilizado pelo Governo do Estado, para registrar o recebimento.
  • Ateste provisório: as escolas conferem a quantidade recebida e verificam eventuais divergências.
  • Ateste definitivo: após análise detalhada, a escola confirma o recebimento final das peças.
  • Simulação de entrega: planejamento da logística de entrega aos alunos.
  • Entrega aos estudantes: os uniformes são entregues mediante assinatura de um responsável.

Funcionários dividem tarefas

Apesar dessas etapas estabelecidas, não há uma padronização sobre como cada escola deve proceder. Profissionais afirmam que não estão acostumados com o processo e contam com outras tarefas diárias para lidar, atrasando ainda mais os repasses.

— A gente tem muita coisa para fazer. Tem que separar as peças, verificar se há discrepância nas caixas que recebemos, lançar a nota no portal do Estado. A gente tem que dar conta de tudo isso. É um mutirão entre os diretores, pessoal da limpeza e professores. Vamos fazer funcionar do jeito que dá — diz o diretor Robson.

O educador afirma que o ateste positivo definitivo por parte do governo do Estado sobre as peças de roupas chegou apenas na quinta-feira (3), o que destrava o processo de distribuição.

A instituição de ensino conta com 1,2 mil alunos, sendo que 50% deles realizaram a solicitação dos uniformes. A expectativa é de que o repasse das primeiras roupas de verão ocorra na semana seguinte. Sobre as peças de inverno, não há previsão de chegada à escola, muito menos de repasse aos estudantes.

*Produção: Gabriel Dias


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