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Fundo de Quintal faz show em Porto Alegre com homenagem a Bira Presidente: “Seguimos como ele nos ensinou, com alegria e respeito”

Apresentação no Araújo Vianna será a primeira na Capital após a morte do fundador do grupo

17/07/2025 - 16h52min


Alexandre Rodrigues
Alexandre Rodrigues
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Divulgação/Divulgação
Da esquerda para direita: Ademir Batera, Júnior Itaguay, Sereno, Tiago Testa e Márcio Alexandre.

O samba vai ecoar forte no Auditório Araújo Vianna nesta sexta-feira (18). É que o grupo Fundo de Quintal desembarca em Porto Alegre para uma apresentação especial, cheia de clássicos que marcaram gerações e embalada por um sentimento diferente: a saudade

Será a primeira vez que os músicos se apresentam na cidade sem a presença de Bira Presidente, um dos fundadores do Fundo de Quintal que morreu no dia 14 de junho, aos 88 anos, no Rio de Janeiro.

Mesmo com o luto recente, o clima no palco será de festa, como o próprio Bira gostaria. E os integrantes prometem fazer valer o nome de um de seus maiores sucessos: O Show Tem Que Continuar

Com mais de 45 anos de trajetória, o grupo é considerado um dos pilares do samba e mantém viva a chama do gênero musical brasileiro com sua formação atual: Sereno (tantã e vocais), Ademir Batera (bateria), Júnior Itaguay (cavaquinho e vocais), Márcio Alexandre (banjo e vocais) e Tiago Testa (repique de mão e vocais).

Em entrevista, os integrantes falaram sobre a emoção de retornar a Porto Alegre, do carinho pelo público gaúcho e adiantaram o que os fãs podem esperar da apresentação. Além de sucessos como A Amizade, Lucidez e Só Felicidade, haverá um momento especial para celebrar a memória de Bira Presidente.

— Teremos nosso momento de saudade e homenagem com muito respeito e gratidão. Vai ser uma noite de celebração à vida e ao samba — garantem.

Entrevista com o grupo Fundo de Quintal

O Brasil sentiu a partida do Bira Presidente. Como tem sido seguir com os shows sem ele no palco?

Tiago Testa: Fazer os shows sem o nosso Presidente é muito difícil. O Bira foi quem criou tudo isso, abriu espaço para que a gente chegasse até aqui. Era um homem íntegro, culto, conselheiro, um verdadeiro paizão. A ausência dele é sentida em cada apresentação. Às vezes, fecho os olhos e ainda vejo ele ali com o pandeiro e aquele sorriso largo. Mas seguimos em frente, como ele sempre dizia: "O show tem que continuar".

Ademir Batera: Toda vez que olho para o lado no palco, sinto como se ele ainda estivesse ali. A falta é imensa, mas a gente se apoia em Deus e no carinho do público para continuar. Bira é eterno no Fundo de Quintal.

Sereno: Ele amava o povo, e o povo amava ele. A maneira que encontramos para seguir é com o samba, com a arte em que ele acreditava tanto. A energia dele continua com a gente.

Márcio Alexandre: É muito difícil. Eu, particularmente, sinto bastante porque ele tocava do meu lado, coladinho comigo. Sempre com uma brincadeira, com carinho e respeito. Seguir sem o Presidente é doloroso, mas ele cumpriu a missão com bravura. Se hoje a gente vive do samba, é porque ele abriu esse caminho. Ele cavou esse poço e hoje a gente bebe dessa água. Então seguimos como ele nos ensinou: com alegria e respeito. O show tem que continuar, lembrando sempre do Mestre com muito carinho.

Daniel Marenco/Agencia RBS
Bira Presidente morreu no dia 14 de junho.

Como é a relação de vocês com Porto Alegre e com o público gaúcho? Alguma lembrança marcante de shows anteriores por aqui?

Sereno: Porto Alegre sempre nos recebeu com muito carinho. É uma cidade com público apaixonado, que respeita, canta junto e se entrega no samba.

Ademir Batera: Já fizemos apresentações inesquecíveis aí. É sempre emocionante. O público canta tudo, vibra do início ao fim. Temos muito carinho por essa terra.

Márcio Alexandre: O povo gaúcho é demais. Canta todas as músicas, até aquelas que nem foram grandes sucessos, o chamado "lado B". É um público caloroso, participativo, que sempre nos recebe de braços abertos. A gente gosta muito de estar aí e levar alegria para esse povo que ama o samba tanto quanto a gente.

O Fundo de Quintal tem mais de 45 anos de história. Como vocês explicam essa longevidade e a renovação constante do público?

Sereno: É pela verdade que fazemos o nosso samba. A gente começou reformulando a roda lá no Cacique de Ramos, inovando instrumentos e a forma de tocar. Essa raiz forte nos sustenta até hoje. O público sente isso. Cada show é feito com emoção, respeito e muito amor à nossa história.

Itaguay: Soubemos nos adaptar. O mundo e a música mudaram, mas o Fundo caminhou junto, sem perder a essência. O digital chegou, mas a alma do grupo continua a mesma. Seguimos sendo referência para as novas gerações.

Márcio Alexandre: A chave da longevidade do Fundo é manter a estrutura musical que nos trouxe até aqui. As composições seguem com o formato tradicional do samba, com temas do cotidiano, do amor, mas sem perder aquele toque clássico. Isso ajuda a manter o grupo atual, sem abrir mão das raízes.

O samba de roda ainda é o ponto de partida para as novas músicas do grupo?

Itaguay: Sempre. O samba de roda é o nosso chão. Quando pensamos em novas músicas, é com ele que nos reconectamos. Partido-alto, improviso, o balanço de terreiro… isso está no nosso DNA.

Márcio Alexandre: É isso mesmo. O Fundo tem como força os partidos-altos, os sambas românticos, com temas do dia a dia. O público se identifica, canta junto, se emociona. Sempre tem uma música que toca o coração de alguém.

Como vocês avaliam o cenário atual do samba no Brasil?

Itaguay: O samba está vivo, mas ainda enfrenta muitos desafios. Falta valorização, espaço na mídia, apoio. Mas é bonito ver a juventude se interessando de novo, voltando para as rodas, querendo aprender. Isso dá esperança.

Sereno: O samba sobrevive porque é verdadeiro. É raiz, é sentimento. Enquanto houver verdade e emoção, o samba vai existir.

Márcio Alexandre: O samba está voltando com força. Estamos vendo grandes rodas, eventos, festivais acontecendo por todo o Brasil. Samba nas paradas, gente nova chegando. Acredito muito nesse movimento. O samba tem um poder enorme: salve o tantã, o pandeiro, o repique, o cavaco, o banjo, o violão… salve o samba! 

Fundo de Quintal 

  • Quando: sexta-feira (18)
  • Horário: 21h
  • Onde: Auditório Araújo Vianna (Avenida Osvaldo Aranha, 685)
  • Abertura da casa: 19h30min
  • Classificação: livre
  • Ingressos: a partir de R$ 125 (solidário, mediante doação de 1 kg de alimento não perecível). Desconto de 50% para sócio do Clube do Assinante 
  • Ponto de venda com taxa: pela plataforma da Sympla
  • Pontos sem taxa: Loja Planeta Surf Bourbon Wallig (Avenida Assis Brasil, 2.611), das 10h às 22h, somente em dinheiro; bilheteria do Araújo, somente duas horas antes do início do show

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