Ela não segue as cores da moda pra esmalte: é roxa por motivo de força maior. Seu tom não é igual pra todos, varia conforme a intensidade da dor. E nem sempre sabemos ao certo o que houve. A unha roxa aparece, sem pressa de ir embora. Foi daquela batida na porta? Foi de ontem, da semana passada, desse mês? Estabanados e distraídos sempre se perguntam isso. Vão ter tempo de sobra pra refletir enquanto observam a unha roxa sendo substituída por outra novinha.

Crianças são grandes fabricantes de unhas roxas (e joelhos, canelas, cotovelos roxos). As hiperativas que gostam de saltar, correr, praticar esportes. E as que vivem de olho nas telas (deveriam olhar ao redor). Adultos também se batem em quinas de móveis, tropeçam, caem, chutam pedras, apertam os dedos onde não deviam e produzem roxos memoráveis nas unhas das mãos e dos pés. Desatenção, a praga do século. Se a gente se enrolar em plástico bolha, será que resolve o problema?

Esmagado

Outra maneira de adquirir uma bela unha roxa é usar tênis apertado sem perceber. Aquele dedinho esmagado lá dentro se vinga bonito: o corpo reage ao aperto constante roxeando a unha e golpeando a autoestima. Pé já é uma coisa feia por natureza, mas sempre dá pra piorar. A unha roxa levanta como um defunto do túmulo. Até desgrudar da pele e ceder lugar pra um projeto de unha nascer. Essa coitada nem desconfia do que a espera (ser prensada não é um futuro agradável).

No momento, estou com duas unhas roxas no pé, uma ao lado da outra. A causa está descrita no parágrafo acima. Tive que passar adiante o tênis e comprar um de número maior pra oferecer mais espaço interno. Tomara que agora elas se sintam bem tratadas numa área VIP. Não vou criar expectativas. O verão vai chegar, e essas belezinhas ainda estarão em processo de transformação. Tem um detalhe importante: nem sempre a unha nasce perfeita. Se o estrago foi sério, ela vai te lembrar disso.

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