Papo Reto
Manoel Soares: "Preço dos valores"
Colunista escreve no Diário Gaúcho aos sábados


É preciso tomar cuidado para não confundirmos preço com valor. Muitas vezes, ao exigir um preço que pague nossas contas, acabamos abrindo mão do que realmente é valioso em nossa vida.
Ver os filhos crescerem, por exemplo, é algo de valor imensurável. Abrir mão desses momentos para ganhar um pouco mais de dinheiro é dar um preço ao que, na verdade, não está à venda.
Geralmente, o que tem valor não tem preço. Nossos valores definem quem somos. Já o quanto cobramos para fazer algo é apenas a recompensa pelo nosso esforço em saber algo útil.
Mas, quando começamos a vender nossos valores, corremos o risco de empobrecer de um jeito que demora a ser curado: a pobreza de espírito.
É verdade que os valores podem mudar conforme as circunstâncias. Negar um prato de comida a alguém com fome, por exemplo, pode ferir nossos princípios. Afinal, se temos como ajudar e não o fazemos, estamos indo contra aquilo que acreditamos.
Por outro lado, se donos de restaurante dessem comida sem cobrar, poderiam ir à falência. Esse exemplo mostra que os valores têm hora e lugar para serem aplicados. Caso contrário, nos tornamos escravos de nossas convicções – e isso também não ajuda.
Nossos valores, em geral, vêm do que aprendemos em casa, com nossos pais, professores e pessoas que amamos. Preservá-los é o que nos permite dar valor ao nosso trabalho – e, assim, cobrar um preço justo por ele.
Quem não tem valor, muitas vezes, acaba vendendo o que não deveria.