Zona Sul
Moradores do bairro Guarujá, em Porto Alegre, convivem com alagamentos desde domingo
Água está acumulada em trechos da Avenida Guaíba e das ruas Oiampi e Jacipuia
Alagamentos decorrentes da alta do Guaíba no bairro Guarujá têm causado transtornos para moradores ao longo da semana. Desde domingo (29), um trecho de cerca de 300 metros na Avenida Guaíba está com uma lâmina d'água que dificulta a passagem de veículos. Apenas automóveis mais altos passam por ali, em frente à Praça Zeno Simon.
Ruas próximas, como Oiampi, Jacipuia e dos Guenoas também têm água acumulada. O Arroio Guarujá, na avenida de mesmo nome, está cheio, assim como o Guaíba. No entanto, a praça segue com pontos visíveis de grama.
Na manhã desta quarta-feira (2), funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) trabalhavam no local, juntando galhos de árvores trazidos pelas águas. O relato dos moradores é de que a água acumulada foi, em parte, trazida pelo Guaíba, mas também verteu dos bueiros da região.
Nelson Santolin, 55 anos, é morador da Avenida Guarujá. Ele conta que retirou a esposa de casa ainda no domingo, quando a água começou a subir. Nesta semana, ele permanece sozinho no local para "cuidar da segurança da casa".
— Agora o pessoal está aproveitando para invadir as casas que estão vazias. Alguém tem de cuidar da segurança. Segunda-feira mesmo, parou um cara de bicicleta aqui, em vez de ele ficar olhando o alagamento ele ficou olhando só para dentro dessa casa. Daí eu fiquei sentado lá na frente da minha casa, só monitorando ele — afirma.
Durante a manhã, não havia água nos pátios, mas era possível ver marcas que indicavam que os locais alagaram recentemente. A situação levou alguns moradores a saírem de casa e procurarem a casa de amigos e familiares. A aposentada Dilva Thoma, 70 anos, foi uma delas. Ao retornar para o bairro com os cachorros, ela conta que os alagamentos na região são históricos.
— Desde 2015, a gente está pedindo para que nivelem a rua, aumentem um pouco a rua, porque ela é mais baixa, então é a primeira a ser alargada e a última a secar. Sempre que chove um pouquinho a mais, sobe um pouquinho o Guaíba, não precisa ter enchente para alargar a minha esquina. Desde 2015, eu saí umas seis vezes de casa — relata a aposentada.
Os moradores também contam que a água foi retirada pela prefeitura com bombas de drenagem das outras vezes. A esperança é que, quando o Guaíba baixar, o serviço seja feito novamente nas ruas.
Resposta
Em nota, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) afirma que o bairro Guarujá não conta com sistema de proteção contra cheias e admite que há alagamentos históricos na Avenida Guaíba e nas ruas Oiampi e Jacipuia. A drenagem urbana na região ocorre por gravidade e, segundo o Dmae, passou por melhorias nos últimos meses. Os arroios do bairro também passaram por desassoreamento.
"A solução definitiva para o problema passa pela concepção de um novo sistema de proteção contra cheias — contemplando os 50 quilômetros desprotegidos da orla do Guaíba, entre os bairros Cristal e Lami. O trabalho é conduzido, desde outubro de 2024, pela empresa Rhama, do pesquisador Carlos Tucci. O investimento é de R$ 5,8 milhões. Os projetos devem ser apresentados pelos especialistas à Prefeitura no primeiro semestre de 2026", afirma a nota.