Tradicionalismo
Saiba como foi a preparação das invernadas campeãs do Enart mirim e juvenil, em Erechim
Na última semana, o DG conversou com integrantes do CTG Patrulha do Rio Grande e do CTG Sentinela do Pago para conhecer a rotina de ensaios que os levou ao título o estadual

A invernada mirim do CTG Patrulha do Rio Grande, de Santo Antônio da Patrulha, na 23ª Região Tradicionalista, e a juvenil do CTG Sentinela do Pago, de Marau, na 7ª RT, foram as campeãs do Enart disputado no início do mês em Erechim.
Essa foi a segunda edição do Encontro de Artes e Tradição (Enart) nas categorias pré-mirim, mirim e juvenil. Foram mais de 8 mil pessoas envolvidas com a arte e a cultura gaúcha.
A coluna conversou com integrantes e instrutores dos dois grupos para saber como foi a preparação que levou ao título.
A juvenil do CTG Sentinela do Pago

Do norte do Estado, a invernada juvenil do CTG Sentinela do Pago abordou o tema Filhos da Guerra. As coreografias de entrada e saída fazem referência às gerações de órfãos deixados por disputas que fazem parte da história do Estado.
A rotina de ensaios da equipe foi intensa. Pelo menos três na semana, normalmente depois das 21h. O esforço, porém, foi recompensado com o resultado que era objetivo dos integrantes do grupo, conta a prenda Ana Laura Daniel, de 17 anos.
— É exaustivo, mas para nos faz muito bem, a gente gosta. Ficamos muito felizes com nosso resultado, porque atingimos o objetivo, que era ir lá e ser campeões — conta a dançarina, que ingressou no tradicionalismo por influência dos pais, patrões da entidade.
Na final, disputada no domingo, os dançarinos apresentaram as danças tatu com volta no meio, anú e balaio. A avaliação para definir as notas do grupo considerou critérios como a correção coreográfica, a interpretação e a harmonia. Para o instrutor José Maurício Soares, 38, o título demonstra um amadurecimento coletivo:
— A gente trabalhou muito forte para que nesse ano eles tivessem um desempenho melhor. Hoje temos muito orgulho em falar que conquistamos esse título.
Ele considera eventos como esse importantes para encantar os jovens pela cultura e pelas tradições:
— O movimento tem que pensar muito nas crianças, se não vai se tornar lembrança. E aí vai ser tarde pra gente voltar a correr atrás.
A mirim do CTG Patrulha do Rio Grande

A mesma entrega e dedicação dos maiores esteve presente na preparação da invernada mirim do CTG Patrulha do Rio Grande, de Santo Antonio da Patrulha, no Litoral Norte.
Inácio Cardoso da Silva, de 12 anos, conta que a dedicação precisa acontecer o ano todo devido aos vários eventos e festivais de que participam.
Em 2024, a equipe também conquistou o título do Festmirim, em Santa Maria. Integrante da entidade desde os cinco anos, ele diz que a sensação de pertencer a essa história é gratificante:
— Depois da escola, o CTG é onde eu mais aprendo. É uma coisa que eu sempre boto em primeiro lugar e me dedico. Quando tem rodeio, nem vou na escolinha de futebol que faço.
A coreografia de entrada deste ano resgatou a história das cavalhadas, tradicionais festas portuguesas que representam as disputas entre cristãos e mouros no período medieval. Além disso, o grupo dançou o tatu com volta no meio, o xote de duas damas e a rancheira de carreirinha.
Para o instrutor Marcione da Silveira, 47, essa vitória é fruto de um longo trabalho baseado em entrega e diálogo com a equipe e de recarregar as baterias do grupo.
— Tem muito diálogo e conversa para que eles entendam que o que estão fazendo é muito mais do que dança. Nunca é só dança, é uma preparação para a vida. Então, se eles forem comprometidos com aquilo que eles se propõem a fazer e se dedicarem, eles vão atingir os resultados que eles querem — resume o instrutor.
*Produção: Guilherme Freling