Retratos da Vida
Iniciativa leva aulas lúdicas com foco na alfabetização em escolas gaúchas
Projeto social Bi-Bi busca estimular a leitura e a imaginação das crianças. Arte-educadoras atuam semanalmente em três escolas.


O projeto social Bi-Bi – Jornada de Alfabetização está levando aulas lúdicas para três escolas no Rio Grande do Sul. Com o propósito de auxiliar na formação e na alfabetização dos pequenos do 1° ao 4° ano, a iniciativa traz arte-educadoras que atuam semanalmente auxiliando no aprendizado.
A iniciativa da Bi-Bi Móvel foi criada durante a pandemia pela empresa Amora Produções Culturais, que realiza projetos por meio de editais de incentivo à cultura. O Bi-Bi já foi assunto no DG em maio, quando inaugurou uma nova biblioteca em uma escola no bairro Humaitá, em Porto Alegre.
O projeto seguiu atuando e agora expandiu suas ações para contribuir com a alfabetização, em parceria com a empresa John Deere. As três instituições selecionadas foram a Escola Estadual Cristóvão Colombo, de Porto Alegre, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Aurélio Porto, de Montenegro, e a Escola Comunitária de Ensino Fundamental Santa Cruz, de Canoas.
A coordenadora do projeto, Luciana Tondo, comenta que perceberam a dificuldade das crianças no processo de alfabetização e, a partir disso, pensaram em como usar atividades lúdicas para auxiliá-las. Entre os resultados esperados para essa nova fase do projeto está o de que os educadores e as instituições tenham “um desejo de mudança e potencializem a imaginação e a descoberta”, resume.
Reconstrução
Na Escola Estadual Cristóvão Colombo, no bairro Sarandi, em Porto Alegre, a atividade veio em um momento de reconstrução do espaço. A instituição atende alunos dos anos iniciais até a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Em 2024, foi um dos locais atingidos pela enchente. Com o cenário deixado pela catástrofe, a escola precisou recomeçar e os alunos foram afetados pelo período fora da sala de aula e pela falta de espaços como a biblioteca.
Nessa linha, a vice-diretora Angélica Lazzaris conta que o projeto tem sido importante para as crianças, principalmente aquelas que passaram pelo período de pandemia e, mais recente, a tragédia do ano passado.
– Percebemos uma queda no rendimento das crianças, um atraso e uma hiperdependência das telas – comenta Angélica.
Ela destaca que a educação é a base e que conseguir apresentar uma pedagogia lúdica tem funcionado como principal combustível para as crianças. Entre as mudanças percebidas, a vice-diretora comenta sobre a aproximação dos pequenos com os livros:
– Eles acham uma novidade, tocam nos livros, utilizam os espaços da escola para ler. Isso é fundamental.
Ambiente lúdico
Além da presença da leitura, o projeto também trabalha o ensino por meio da arte e da imaginação. E quem comanda esse espaço lúdico é a pedagoga e arte-educadora Mariana Cardoso Prette.
Ela foi uma das duas selecionadas por meio de edital para colaborar com a ação. Conduzindo as turmas das escolas de Montenegro e Porto Alegre, Mariana já tinha experiência em estimular o hábito da leitura e em integrar brincadeiras ao processo educativo. Agora, na Jornada da Alfabetização, ela coloca em prática suas habilidades compartilhando um novo mundo com os alunos.
A pedagoga comenta que todos os aprendizados e hábitos são uma questão de construção e que iniciativas como a do Bi-Bi reforçam a “ampliação e criação de repertório”:
– Para podermos ampliar, precisamos criar. Agora estamos no início. Eles aprendem a contar e ouvir histórias. Ainda iremos trabalhar as próprias histórias da comunidade, das famílias, para que eles possam se apropriar e reproduzir essas histórias.
Mariana também destaca a importância de se desenvolver um olhar integrado no ensino:
– Queremos que seja um ambiente confortável para eles aprenderem. A leitura, a alfabetização e o letramento se complementam, andam em conjunto, e acredito que o projeto caminha nessa direção.
*Produção: Josyane Cardozo