Direto da Redação
Josyane Cardozo: "Um dia de cada vez"
Jornalistas do Diário Gaúcho opinam sobre temas do cotidiano


Para o que você ainda precisa ter força, garra e fé? Já dizia Milton Nascimento na música Maria Maria, lindamente interpretada por Elis Regina. Ouvindo a canção, parei para refletir e me perguntei: para o que eu ando precisando dessas coisas?
No dia a dia, precisamos ter forças a todo momento: levantamos da cama, escolhemos tomar café, entramos no carro, ônibus ou trem, nos dirigindo até a aula ou trabalho, o que seja. E nos forçamos a viver mais um dia. Porém, no meio disso, tem vezes que não lembramos do porquê estamos seguindo.
Recentemente, fiz aniversário e, em meio às felicitações, sempre surge alguém despretensioso para perguntar: "E aí, o que vai fazer agora com a nova idade?" Pela primeira vez em anos, não sabia o que responder.
Era como se não ter um plano fosse algo meio pavoroso de se dizer. O que espero para os próximos 365 dias? O que devo sonhar a partir de agora? O que busco conquistar? E, a partir daí, como se fosse uma mensagem do destino, Elis cantou no meu ouvido a única resposta possível naquele momento: viver!
Nunca tive a oportunidade de dizer que não tinha um plano, que estava disposta a esperar uma resposta, que queria viver o que a vida estivesse me desejando. Com o passar dos anos, prevemos conquistas, descrevemos nossos próximos passos, trabalhamos, pagamos contas... mas às vezes nos esquecemos de sentir, apenas. Sempre iremos lutar e, por mais que de vez em quando pareça que não, iremos aguentar. Alguns dias, menos que outros, mas seguimos vivendo.
Por isso, assim como a Maria, personagem da canção de Elis, merecemos amar, viver e ter fé na vida. Então, leitor(a), te convido nesta semana e na próxima, talvez para o resto da vida, a ter garra para continuar, lutar, sentir e procurar a felicidade nas primeiras coisas (assim como minha colega Ana Júlia descreveu na semana passada). Mas não se culpe quando não conseguir! Porque todos nós sabemos que, como Elis, tem vezes que apenas aguentamos.