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Coluna da Maga

Magali Moraes: vida de sacola

Colunista escreve às segundas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

15/08/2025 - 05h00min


Diário Gaúcho
Diário Gaúcho
Fernando Gomes/Agencia RBS
Magali Moraes.

Muito se fala nos potes de sorvete, que perdem seu atrativo cada vez que são obrigados a guardar feijão congelado e, a contragosto, enganar a torcida. E as sacolas de loja com destino parecido? Algumas são guardadas em casa por séculos (as bonitinhas) até perderem a noção do tempo e a utilidade. Quando finalmente saem da gaveta, é como acordar do coma. Que ano é esse? Quem sou eu? A marca impressa do lado de fora não é informação o suficiente, talvez a loja já nem exista mais.

Imagina uma sacola da Arapuã ou Mesbla acordando em agosto de 2025? Chamem os paramédicos! Aqui no RS, uma sacolinha da J.H.Santos, Saco & Cuecão ou Manlec despertando de repente? Melhor levar a relíquia pra um museu, em nome da preservação histórica. Vida de sacola tem dessas ironias. As de loja de grife, por exemplo. Nascem destinadas a carregar roupas caras, joias e sapatos chiques, mas sabe-se lá o que o futuro reserva. De um dia pro outro, carregam meias furadas.

Raio X

Eu penso nesse tipo de coisa sempre que vejo sacolas circulando na rua. Queria ter um olhar de raio X pra espiar o que elas levam. Vida de sacola me interessa. O jeito é observar quem as carrega, e imaginar se lá dentro tem algo da loja em questão ou é propaganda enganosa: um galho de planta pra fazer muda, a toalhinha suada da academia, palavras cruzadas, tricô, jeans indo pra costureira. E se for um pote de sorvete, com feijão recém feito, a caminho de casa?

Uma sobrevida nobre é da sacola reutilizada em doações, como na campanha do agasalho. Essa merecia carregar um aviso do lado de fora, pra gente aplaudir o bom exemplo. No dia a dia, cada sacola reciclável que vai pro lixo seco também está fazendo o bem. Acumuladores vão discordar, mas é egoísmo deixar uma sacola sem vida útil, esquecida no armário. Já as sacolas que saem das lojas levando presentes especiais podem apodrecer no quarto, caso o presente precise ser trocado.

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