De cada cem famílias que vivem a realidade do autismo, em pelo menos 70 o homem vai embora. Os homens que abandonam os filhos por conta do autismo são irresponsáveis e não têm defesa, inclusive deveriam ser enquadrados no crime de abandono de incapaz, que está no artigo 133 do Código Penal. 

Quanto mais falo com as mães sobre o assunto, mais elas me trazem que a ausência desse homem produz consequências devastadoras na vida da criança com autismo. Por outro lado, muitas mães me dizem que, por mais que alivie o coração falar tudo que sentem sobre o abandono desse pai, no fim elas voltam sozinhas para uma rotina onde estão sobrecarregadas. 

O que essas mães vivem é um absurdo, muitas delas não vão ao ginecologista há anos, pois não têm tempo, só lavam o cabelo uma vez no mês, só conseguem sentar para comer quando o filho dorme. Quando falamos de uma noite de sono tranquila, elas não sabem o que é isso. 

Precisamos fazer com que esse cara volte a sua atenção para o filho, ficar xingando só afasta ele mais. Porém, não podemos querer que essa mãe, que está no seu limite, seja também responsável por trazer o homem de volta para a vida da criança. 

Ato de amor 

Foi pensando nisso que eu comecei a juntar homens que são pais de crianças autistas para que entendam seu papel na vida do filho. Entre nós, homens, conversarmos a respeito da irresponsabilidade e das consequências da ausência. A paternidade atípica é algo que precisa de atenção, pois não só tem a ver com comportamento moral ou pagamento de pensão. 

Crianças autistas abandonadas pelo pai em muitos casos têm maior dificuldade de desfralde, distúrbios do sono e seletividade alimentar, entre outros agravantes. Se você conhece um pai de criança autista que está distante, mande esse texto para ele e diga que voltar para perto do filho é um ato de amor.